São sete livros que refletem a força das escritoras alagoanas e o esforço do estado em reconhecimento à importância das obras
Clarice Maia – jornalista
A coleção Mulheres Extraordinárias, que reúne sete obras de escritoras alagoanas, será lançada durante a 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, neste sábado (12), às 19h, com uma sessão de autógrafos no estande da Imprensa Oficial Graciliano Ramos, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso. A ideia inovadora tem investimento de R$ 300 mil, o maior já feito em um projeto de livros de autoria feminina.
O aporte para esta coleção inédita é oriundo de recursos próprios da Imprensa Oficial e da parceria com a Secretaria de Estado da Comunicação (Secom) e as obras refletem a riqueza dos trabalhos produzidos por escritoras nascidas ou radicadas em Alagoas. Já o montante em dinheiro expressa o compromisso do governo de Alagoas em valorizar a contribuição dada pelas mulheres, por meio da sua força de trabalho, para o desenvolvimento do estado.
Um livro muito aguardado é o Wa Jeun: sabores ancestrais afro-indígenas, escrito por Mãe Neide Oyá d’Oxum. Nele, a chef e ialorixá, que também é mestra do Patrimônio Vivo de Alagoas, apresenta receitas tradicionais de povos pretos e indígenas, mas também aspectos da sua história de vida que a levaram a ser conhecida como liderança religiosa e pelo trabalho assistencial.
De autoria da renomada escritora, professora, jornalista e pesquisadora alagoana Heliônia Ceres (1927-1999), o livro Olho de Besouro é uma coletânea de contos. A obra apresenta narrativas expressas em alguns de seus melhores trabalhos. Escritos no estilo Realismo Fantástico, mesclam situações cotidianas com elementos misteriosos e mágicos.
Já a obra Anil da cor do Céu, de Anilda Leão (1923-2012), é uma antologia que reúne textos da escritora maceioense. Uma mulher que, além de escrever em diversos estilos, era atriz, cantora, jornalista e atuante feminista na luta pela garantia dos direitos das mulheres às mais diversas formas de expressão.
Mais lançamentos
Em Razão Mutilada, a escritora Edilma Acioli analisa os contos do livro João Urso, do escritor Breno Accioly, sob a ótica da psicologia de Carl Gustav Jung. A imortal da Academia Alagoana de Letras estuda os perfis psicológicos dos personagens e a abordagem ficcional do autor sobre temas relacionados aos transtornos psicológicos e comportamentais.
Outra imortal da Academia Alagoana de Letras, com trabalho na coleção, é Maria Heloísa Melo de Moraes. A escritora apresenta o livro Cor, som e sentido: a metáfora na poesia de Djavan, onde estuda as conexões da poesia com a música popular.
Os outros dois livros são O Dom do Segredo – A negociação do Segredo Ritual nas Religiões Afro-alagoanas, de Larissa Fontes, e Em Pau d’Arco muitas flores – memória, território de parentesco e fronteira étnica, de Anna Kelmany Araújo. Ambos resultam do universo da antropologia. No primeiro, a autora faz uma etnografia visual e propõe reflexões sobre as relações de negociação do segredo ritual das religiões de matriz africana em Alagoas. No segundo, a escritora versa sobre o imaginário acerca das quilombagens locais, mergulhando no processo de reterritorialização identitária de uma comunidade do agreste alagoano.
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