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Inclusão para PcD com foco no empreendedorismo é abordada na Bienal

Roda de conversa, comandada pela psicóloga Milka Freitas, trouxe três convidados que relataram suas experiências

Fabiana Barros – jornalista com fotos de Mitchel Leonardo

Inclusão para PcD com foco no empreendedorismo é abordada na Bienal

Defender a vida, proteger o planeta e humanizar a sociedade é o tema da 10ª Bienal do Livro de Alagoas. Quando se respeita as necessidades e se tem empatia é forma de mostrar que há espaço para todos. Essa postura demonstra o quanto é possível uma convivência saudável. Dentro dessa perspectiva, a Bienal trouxe temas que precisam ser discutidos, propagados e defendidos, a exemplo da roda de conversa: EmDiversão: Empreendedorismo, diversidade e Inclusão para Pessoas com Deficiência e Pessoas Trans e Travestis, coordenada por Milka Freitas.

Para um público basicamente jovem, três participantes foram as protagonistas do momento com suas vivências a convite de Milka. “Costumo dizer que deficiência é resistência”, a citação cheia de propriedade é da jovem publicitária Olga Aureliano, que trabalha na produção e nas mídias sociais da Banda Cazuadinha.

Atualmente, Olga também trabalha no documentário de negritude preta e albinos. Dentre outras experiências profissionais exitosas, Olga fez parte do projeto Retrato do Brasil como produtora local. Ela trouxe dados importantes ao revelar que Alagoas é o quarto estado com mais números de pessoas com deficiência.

“Participar da Bienal é a concretização de um sonho”

Fisioterapeuta e empresária, Eduarda Lemos, outra convidada de Milka, contou que a participação na Bienal é a concretização de um sonho. Sua colocação foi replicada pelos demais convidados. A mãe de Eduarda passou mais de 48 horas em trabalho de parto, o que resultou em lesões cerebrais que comprometeram a fala e a coordenação motora de Eduarda.

Ela foi paciente por 16 anos e meio de fisioterapia, o que a levou a escolher a profissão para também cuidar de vidas. “Me apaixonei pela estética e sigo trilhando a minha carreira nessa área há dois anos e meio. Sempre quis empreender e ter o meu negócio. Nunca quis trabalhar para os outros”, afirmou.

Eduarda compartilha com um pensamento comum a milhões de brasileiros que têm a certeza de que não é fácil empreender. “Você tem que estudar para além de fisio. Não é só entender estética. É saber como ter um negócio sólido”, comentou.

O poder da educação

Com o auxílio de uma intérprete de libras, Matheus Victor relatou sobre sua trajetória. A falta de dinheiro da família, de intérpretes na escola, os casos de bullying e a crítica pela ausência do governo, à época, para possibilitar o acesso ao intérprete de libras na educação básica.

Segundo ele, foram vários os entraves passados. “Tive que aprender a oralizar, escrever. Alguns professores conseguiam se comunicar por meio da língua de sinais, mas de forma bem básica. Alguns alunos me tratavam com desdém e isso me trazia muita insatisfação de estar naquele espaço porque as pessoas não tinham conhecimento, não sabiam quem era o sujeito surdo”, disse.

Na fase adulta, Matheus passou no Enem, foi aprovado no curso de Letras-Libras e sua vida começou a mudar. Experiências, mais aprendizados, passou a ter um intérprete em sala de aula. “Foram várias intervenções, desafios que foram contemplados nesse momento. Passei da educação básica, sem acessibilidade, para o nível superior com acessibilidade. Hoje, estou no 8º período e leciono como professor. Já atuei na Casa da Cultura, na Ufal, e participei de alguns projetos direcionados dentro da universidade”, comemorou.

A professora Marileide Pereira de Albuquerque, com mais de 30 anos de experiência na educação pública estadual, reconhece que houve uma melhoria significativa, mas ainda há muito a avançar.

“A questão da sexualidade, por exemplo, é respeitada entre os alunos e as pessoas com deficiência também. Hoje, já há uma preocupação com acessibilidade, mas ainda tem muito a melhorar”, alertou, complementando ser fundamental a contribuição dos pais em casa. “Se a criança ver preconceito em casa, ela repete”, afirmou.  

De acordo com Milka, a roda de conversa teve o primeiro momento nesta terça-feira (15) e terá continuidade na próxima quinta (17), às 19h, na Sala Siriguela. O segundo momento vai abordar sobre a produção de literatura trans e o transfeminino dentro da economia criativa.

Sobre Milka

A psicóloga e empreendedora Milka Freitas trabalha no campo da educação em sexualidade informativa, interativa e leve. Ela atua com palestras, psicoeducação sexual (atendimento consultório), bate papo, consultorias, cursos, workshop todos voltados para a Educação Sexual e sustentabilidade, vendas de produtos para saúde sexual.

O propósito de Milka é descentralizar a educação sexual, humanizar e torná-la acessível, principalmente para pessoas com deficiência.

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