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Sidnei Nogueira fala sobre ancestralidade e resistência de religiões de matriz africana

Autor também está lançando seu livro Coisa do Povo de Santo durante a Bienal

Jamerson Soares – jornalista com fotos de Renner Boldrino

Sidnei Nogueira fala sobre ancestralidade e resistência de religiões de matriz africana

A 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas promoveu, na noite da última terça-feira (15), mais um encontro que discutiu assuntos referentes aos direitos humanos e à valorização das religiões de matriz africana. No palco do auditório do Centro de Convenções, estava o professor, babalorixá e finalista do Prêmio Jabuti, Sidnei Nogueira, importante autor de livros e pesquisas sobre linguística e a semiótica iorubá e afro-brasileira.

Além disso, o palestrante está lançando sua mais recente obra Coisa do Povo de Santo, que traz aprendizados sobre o candomblé, dando sustentação aos fundamentos de acordo com a vivência de cada participante da religião.

Durante a conversa, Sidnei falou um pouco sobre suas memórias efetivas durante a infância, sobre a tradição católica que era presente em sua vida, a violência e os preconceitos contra pessoas pretas no Brasil, os territórios e ancestralidade negra, os conceitos e vivências contadas no novo livro e a encruzilhada como possibilidade de cura social.

“Nós somos seres de encruzilhada. A cabeça de bode com chifre é uma encruzilhada. A encruzilhada é cura. O que nos adoece são as verdades absolutas, a necessidade de controle, o dogma, isso não é bom, isso é cárcere. E cárcere não é saudável. No livro eu falo sobre a palavra na perspectiva do terreiro, as vestimentas, porque o terreiro possui um código sofisticado, tem uma linguagem”, disse ele.

Na ocasião, o autor comentou o adoecimento da sociedade brasileira e o medo instaurado nos últimos quatro anos no país. “Foi um momento muito difícil. Os brasileiros adoeceram, a política brasileira adoeceu. O medo foi potencializado, principalmente entre o povo preto, um povo vítima de todo o descaso”, lembrou.

Ele também disse que honra os ancestrais que vieram antes dele. “Eu falo do vivido, honro quem me trouxe até aqui, não dou um passo sem ouvir meus ancestrais, honro quem me carrega. A vida é uma jornada de cura, e o que também precisamos é curar a palavra”, concluiu.

Público aprovou atividade

A professora e produtora cultural Salete Bernardo, de 48 anos, que estava presente na plateia, disse que a palestra foi incrível devido à fala acessível de Sidnei e também por trazer uma discussão tão importante para grande evento.

“A Bienal está de parabéns por trazer esses temas. Para a gente, é de suma importância para nós alagoanos. A gente precisa educar as pessoas a não ter o racismo religioso, a não cometer intolerância, e nos respeitar porque somos todos iguais, somos todos irmãos”, destacou Salete.

Para Luciano Amorim, pedagogo e integrante da religião do Candomblé, de 31 anos, o que chamou mais atenção na palestra foi a relação de como se compreender no mundo.

“A associação direta que a gente que é povo de terreiro fez com a fala dele em relação em como compreender o real, como entender as relações políticas na atualidade, como se perceber no mundo. Acho que ele conseguiu nos atiçar um pouco acerca dessas questões”, contou o pedagogo.

Após a palestra, houve apresentação cultural do grupo Abi Axé Egbé, do interior de Alagoas, e uma sessão de autógrafos com o palestrante.

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