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História fictícia narra encontro entre Jorge de Lima e Zumbi quando crianças

Em abordagem com musicalidade e recursos visuais, As aventuras de Liminha e Zumbinho aborda temas como a resistência negra no Brasil

Fabiana Barros – jornalista com fotos de Mitchel Leonardo

Cena do espetáculo

Crianças e adolescentes de escolas públicas e particulares formaram o público do espetáculo inspirado na obra de Jorge de Lima, poeta alagoano de União dos Palmares, personalidade homenageada na 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. A peça As aventuras de Liminha e Zumbinho, da Invisível Companhia de Teatro, apresentada no Teatro Gustavo Leite, dentro da programação do evento, é uma adaptação do livro infantil homônimo escrito pelo ator Chico de Assis e deixa a mensagem referente à contribuição positiva do povo negro.

O espetáculo narra a história fictícia entre o encontro do poeta Jorge de Lima (o Liminha) com Zumbi dos Palmares, na conhecida Serra da Barriga, ambos ainda crianças. Segundo o diretor da peça, Marco Antonio Campos, a ideia do espetáculo é que Zumbi e Liminha perguntem para todas as pessoas que conhecem como se deu a questão negra no Brasil, do tráfico, da quilombagem. “E aí ele vai anotando essas informações e construindo os poemas que nós veremos no livro que chama Poemas Negros”, explicou Marco Antonio.

As Aventuras de Liminha e Zumbinho aborda o tráfico negreiro, a resistência negra no Brasil, sobre como se deu a estruturação e a formação do Quilombo dos Palmares. “Fazemos tudo isso sem o estereótipo do escravizado. São quatro crianças brincando de fazer de conta como se fosse uma tarefa de escola. A partir daí, elas vão escutando a história e vão reinterpretando, brincando de ser os personagens”, afirmou.

Conforme Marco Antonio, as religiões de matriz africana prezam pela vida com destaque para dois momentos: quando crianças, pois aprendem e transmitem as informações, os conhecimentos, e quando idosos, porque contam os ensinamentos e repassam. “Então o ciclo da vida é esse: o início e o fim, e o meio é a boa utilização das informações trocadas entre idosos, crianças e adultos”, observou.

Companhia e elenco

Em 2024, a Invisível Companhia de Teatro completará 15 anos de atividade. O forte da companhia é trabalhar a dramaturgia e a memória das culturas dos escritores intelectuais alagoanos, negros e nordestinos.

O elenco é composto por nomes conhecidos do público, a exemplo de Chico de Assis (Mestre Sonharte), que completa 45 anos de carreira; Cristiano Marinho (Liminha), maior recordista de público do teatro alagoano; Mary Alves (Nana e Mahin), cantora e compositora alagoana e Artvista cultural antirracista; Ana Carla Moraes (Keka e Dandara), multiartista, arte educadora, integrante do Coco das Aqualtunes; Van Nascimento (Arauto e Zumbinho), ator, comediante, capoeirista e brincante da cultura alagoana; Nany Moreno (Acotirene e Vovó Teca), fundadora e coordenadora do Afoxé Oju Omin Omorewá, figurinista, coreógrafa e compositora.

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