Clipe “Os Esquecidos” busca lembrar das pessoas esquecidas e consideradas invisíveis
Janaina Farias – jornalista com fotos de Mitchel Leonardo
O clipe Os Esquecidos de autoria da escritora Maristela Positano e produzido pelo ator Licurgo Spinola foi lançado oficialmente na última quinta-feira (17) na 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas com a presença de estudantes, artistas, professores e integrantes da ONG Maceió Voluntário. A programação contou várias atrações musicais, lançamento de livros e presença de artistas e músicos como Igbonan Rocha.
Maristela Positano já faz um trabalho voltado para a cultura de paz e prevenção às drogas, bem como a exploração sexual infantil, e disse que o lançamento do clipe, que retrata a ancestralidade, buscou comemorar os 22 anos do Maceió Voluntário. “São 22 anos de ações de Cultura de Paz pelo Estado. Trabalhamos a prevenção às drogas, a prevenção, à exploração sexual infantil, trabalhamos com teatro, com música e nada como lançarmos no nosso clipe aqui, na Bienal”, reforçou ela.
Ela explicou ainda que o clipe fala sobre ancestrais e das pessoas esquecidas na sociedade, como os excluídos e marginalizados. “Todas aquelas pessoas que de alguma forma na sociedade não há um olhar para elas, nem político, nem amoroso, nem respeitoso, nem de justiça”, disse.
Construção do clipe
Para a construção do clipe, a escritora afirmou que foram utilizados desenhos feitos por ela mesma, uma vez que é terapeuta. “Trago aqui algo que é uma experiência minha de desenhos. Como sou terapeuta fiz esses desenhos de tanatologia, que é um estudo científico da morte. Foi um curso que eu fiz de tanatologia para trabalhar pessoas que estão numa fase terminal, então ajudá-las a viver o melhor possível e durante esse curso eu queria desenhar e comecei a desenhar rosto”, destacou.
O clipe contém cerca de 300 rostos em formato de desenhos. “São pessoas que já morreram, que já se foram e que realmente foram esquecidas”, disse Maristela.
O ator Licurgo Spinola, que é produtor e roteirista do curta, disse que a ideia do clipe partiu da Maristela. “Ela fez um curso de tanatologia, onde era um curso que ela ajudava as pessoas que iam desencarnar a fazer a passagem com mais leveza, com mais tranquilidade”, contou.
A ideia, segundo o produtor, no clipe era justamente lembrar das pessoas que foram esquecidas da própria família. “Lembrar que nós mesmos um dia podemos estar esquecidos. Então é interessante você poder fazer esse resgate da sua história dentro da própria família”, afirmou.
Licurgo citou como exemplo o bairro do Pinheiro. “O bairro virou um cenário cinematográfico, apocalíptico e ali há um esquecimento. Imagine quantas histórias, quantas famílias acabaram sendo esquecidas, aquele bairro vai se tornar um bairro esquecido. Então a gente sai daquela materialidade e somos conduzidos por uma criança que representa o renascimento”, refletiu.