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Estudantes expõem trabalhos de arte digital sobre a cultura popular da Levada

Ilustrações preencheram as paredes do estande da Edufal e ficaram expostas durante todos os dias da Bienal

Jamerson Soares – jornalista com fotos de Renner Boldrino

Ilustração do estudante Victor Lobo

A 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas também estimulou e apoiou a difusão de projetos de artistas e estudantes locais. Com foco no tema Defender a Vida, Proteger o Planeta e Humanizar a Sociedade, estudantes do curso de Design da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), preencheram as paredes do estande da Editora da Ufal (Edufal) com painéis de arte digital durante todos os dias do evento.

A exposição faz parte do projeto Tipografia Vernacular do Bairro da Levada, que teve como objetivo explorar essa tipografia no local e na região dos mercados, para apresentar características peculiares e que remetam à estética da localidade. O projeto foi coordenado pelo Laboratório de Experimentação em Design (LED) que, por sua vez, é liderado pelas professoras Juliana Donato e Dani Amatte.

Segundo as professoras, a exposição foi resultado de um convite feito pela Edufal durante o evento Festival de Culturas, promovido pela universidade, onde foram expostos alguns projetos de extensão do edital Vivências Artísticas. “Nessa oportunidade, a Edufal pôde ter contato com um dos projetos que nosso grupo de pesquisa desenvolve”, contou Juliana.

Para a exposição no estande da Edufal na Bienal, foram convidados 13 graduandos: Alessandra Albuquerque, Brenda Santos, Emilly Lima, Evelyn Lyra, Graziele da Silva, Iel Ferreira, Jenne, João Victor Martins, Lavínia Magalhães, Lazulita, Marcos Vinicius Leite, Maria das Graças e Victor Lobo. A organização e a criação de material de apoio ficaram por conta de Bruno Canavarro, Camila Rocha, Ianá Sandes e Iulciran Vieira.

“Trabalhamos a ideia da arte urbana e convidamos esses jovens que são artistas ilustradores para que eles pudessem dar a sua contribuição com obras autorais e inéditas, baseados no tema desta edição da Bienal. Foi uma junção da expressão desses jovens, com design vernacular e a arte urbana. O resultado foi um estande cheio de vida e significados, pelas lentes de várias pessoas, fazendo uma ponte entre o presente e o futuro, relacionando diversidade e inclusão”, finalizou Dani.

Artista e estudante de design, Alessandra Albuquerque

A estudante Alessandra Albuquerque, de 20 anos, é de Arapiraca e participou do projeto. Ela contou que o conceito de sua obra, intitulada Sertão Urbano, foi inspirada na música homônima da banda Carne Doce. Para ela, foi emocionante ver que mais pessoas estão prestigiando seu trabalho.

“Eu não queria fazer algo tão óbvio, tão direto, em relação ao meio ambiente, eu queria trazer mais um olhar do que eu consigo ver na minha rotina. E a música fala sobre essas questões e foi daí que surgiu a minha inspiração para esse desenho. Para mim foi muito emocionante ver um evento desse porte e prestigiar tantos artistas, ver tanta cultura, tanta arte local”, disse ela.

Cultura popular na arte digital

O termo “vernacular”, referente ao título do projeto dos estudantes da Ufal, é comumente utilizado para se referir a algo que é nativo ou próprio de uma determinada comunidade, que também reflete as características culturais, históricas e sociais. Uma das alunas do projeto, Iel Ferreira, contou que ser chamada para a Bienal foi muito importante porque isso contribuiu para o seu crescimento pessoal e profissional.

Sua obra intitulada Acalanto é representada por duas formas humanas entrelaçadas em um abraço que parece nutrir sentimentos, como o amor e o acolhimento, fazendo uma alusão ao crescimento de uma árvore: “Me inspirei em como essa natureza pode tomar conta das coisas. Por exemplo, uma árvore pode crescer e se espalhar em qualquer lugar. É um abraço da natureza que a gente tem que aceitar para que possamos também crescer dentro dessa sociedade”, explicou.

Artista e estudante, Iel Ferreira

Iel, que se declara não-binária, também comentou que fez as ilustrações do caixa do estande, cuja premissa era criar um trabalho voltado para a tipografia vernacular e a preservação da memória imaterial. Há alguns animais da fauna brasileira, como também frases soltas popularmente faladas em feiras e mercados, por exemplo, o ditado “fiado só quando esse olho piscar” e “acerte no bicho, sem ferir o animal”.

O estudante Victor Lobo expôs seu trabalho Salvando Através do Lúdico, que foi uma extensão de um outro projeto do LED, o Colorinando, que foi um quadrinho com a proposta de trabalhar temas relacionados a saúde de forma lúdica para um público infantil.

“E nisso eu trouxe a conexão com o defender a vida no tema, já que o objetivo do que participei era proteger a inocência e auxiliar crianças em processo pré-cirúrgico, explicando sobre a importância da anestesia. Então, ilustrei uma das personagens, que está fazendo tratamento e a sua persona heroica, já que as crianças que estão passando por isso são heroínas ao enfrentarem a condição em que estão”, relatou Victor.

Ele também falou sobre a alegria de ver seu trabalho sendo exposto na Bienal: “Ver que deixei uma parte de mim na Bienal me enche de felicidade, e espero poder participar novamente nos próximos anos. Mas, nesse momento, eu só quero abraçar todo mundo que prestigiou ou tirou foto do meu trabalho. Até porque como designer ou ilustrador, os trabalhos acabam ficando presos na tela do computador e é difícil compreender a dimensão que ele tem ou pode tomar. Ver ele aplicado e contribuindo me deixa com o coração quentinho”, concluiu.

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