Com carreira iniciada pouco antes da pandemia, mas já lançando seu quinto livro, autora participa pela primeira vez de um evento deste porte
Sandra Peixoto – jornalista com fotos de Mitchel Leonardo
O primeiro livro lançado pela escritora infanto-juvenil Fernanda Marsico foi Corre-Corre e Voa-Voa, no finalzinho de 2019. A obra conta a história de duas galinhas sonhadoras que, embora alimentem sonhos quase impossíveis, acreditam que possam realizá-los, e foi contada pela própria autora na manhã desta quarta-feira (16). Com uma carreira iniciada recentemente e tendo a pandemia da covid-19 no meio, o evento alagoano é a primeira Bienal que Fernanda Marsico participa como escritora.
Falar de sonhos realizáveis se mistura um pouco com a própria história da autora. Embora já alimentasse a vontade de ser escritora, demorou um pouco para que Fernanda migrasse da carreira de educadora para concretizar o sonho de contar suas histórias, algumas já escritas e aguardando uma oportunidade de se tornarem conhecidas. Talvez, por tudo isso, seja tão simbólico que seu primeiro livro publicado tenha sido Corre-Corre e Voa-Voa.
“A gente mostra na história que elas não só sonham e acreditam; elas não duvidam de que vão salvar a fazenda e continuam perseverando, treinam todos os dias. E é essa mensagem que a gente quer passar para as crianças: que os sonhos são possíveis, mas que a gente tem que correr atrás, perseverar para conseguir realizar. Eu mesma tinha o sonho de ser escritora e demorou mais de 30 anos para eu conseguir realizar, mas realizei sempre persistindo e acreditando”, afirmou.
No mês que vem, setembro, ela estará na Bienal do Rio. “Já havia vindo para passear em 2018, não tinha nem livro publicado ainda. O desejo de vir de novo, como escritora, e conversar com as crianças que leem os nossos livros aqui era muito grande. A Bienal abriu o caminho e a gente está super feliz de estar aqui”, contou.
Primeira obra ao público pré-adolescente
Lançando seu quinto livro na Bienal, A Princesa Tristonha, Fernanda teve quatro livros infantis publicados em menos de dois anos: Corre-Corre e Voa-Voa, A menina que gostava de inventar, Um Verdadeiro Tesouro e o Cuidado com a Cuca.
Agora, prepara-se para lançar a primeira obra voltada ao público pré-adolescente. “Meus leitores estão crescendo e pedindo livros maiores, com capítulos. É um projeto que está na fase de criação, mas eu gosto muito de contos de fadas, então seria uma coisa voltada um pouco para isso”, explicou.
E a passagem em terras caetés está sendo bem aproveitada: junto com a Beabá, que a representa aqui, a escritora tem uma agenda de visitas a colégios da capital que adotam os livros da editora.
Dinâmica
A contação de história da manhã desta quarta-feira (16) reuniu crianças entre 3 e 10 anos, a maioria vinda em excursão escolar. Uma delas foi João Lucas, de 8 anos, aluno do 2º ano da Escola Municipal Silvestre Péricles, de Maceió. Ele achou a história muito divertida, mas o que mais chamou sua atenção foi: “as galinhas salvarem os animais da fazenda”, falou sem titubear. Da mesma escola, Sara Batista, 10 anos e aluna do 4º ano, participou da dinâmica proposta ao final da natação e saiu animada. “Foi muito legal; gostei da história e da dança”, disse.
A Escola de Educação Básica Professora Maria de Lourdes, do bairro de Fernão Velho, trouxe 47 alunos para prestigiar a contação. Professor de Geografia do 5º ano, Wesley Pereira explica a importância de trazer os alunos para um evento como este.
“São alunos que estão começando o seu processo de aprendizagem na educação básica. Com a contação, eles veem, vamos dizer assim, a maravilha que a leitura pode oportunizar eles. É a minha primeira vez com eles na Bienal e todo evento assim traz uma criticidade maior ao aluno. É um universo novo para eles, que já estavam empolgados antes mesmo de virem”, avaliou.
Ilustrações
E como livro infantil anda juntinho de ilustração, o ilustrador de Corre-Corre e Voa-Voa, Guga Thomé, explicou um pouco sobre o processo criativo.
“Cada livro é um jeito de olhar. A ideia era ter um desenho um pouco infantil, como se fosse uma criança desenhando. Então o desenho tem uma cara bem lúdica e, na criação dele, o meu cuidado foi ver as fotos dos animais e não ver outros desenhos de animais, para criar animais totalmente diferentes, que não parecessem com nenhum personagem que já existisse”, disse Guga.
Sobre o livro que será contado amanhã, Cuidado com a Cuca, Guga teve o cuidado de fazer com que não aparecesse o rosto da personagem principal. A proposta é estimular a imaginação e interagir com o leitor, já que ao final da obra há um espaço para que ele desenhe como pensou a Cuca.
“Em várias imagens, eu quero dar a ideia de que a própria criança é o olho do personagem. A Cuca não é desenhada porque tem a questão da referência e, a referência da minha época, é a Cuca do Sítio do Picapau Amarelo. Então, eu também não desenho a Cuca, mas sim partes dela. A gente pede para a criança desenhar a cuca, postar e marcar a gente para a gente ver qual é a percepção que ela teve, como ela imagina a cuca”, ressaltou Thomé.
Sobre a Bienal
A Bienal do Livro de Alagoas tem entrada franca e segue com programação variada até o dia 20 no Centro de Convenções de Maceió. Confira as novidades do evento aqui no site e também pelas redes sociais: @bienaldealagoas no Threads, Instagram e no Facebook. As fotos oficiais do evento podem ser vistas pelo perfil do Flickr.