Livros foram editados a partir da experiência 1º Simpósio Intermunicipal de Ciência e Tecnologia na Educação Básica, realizado pela Ufal
Fabiana Barros – jornalista com fotos de Mitchel Leonardo e Rose Ferreira
Os lançamentos de livros no estande da Edufal acontecem todos os dias na 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Nesta quarta-feira (16), o espaço foi palco de um dos momentos mais impactantes com o protagonismo de 39 alunos de escolas públicas de Maceió, Murici e Barra de São Miguel, com o lançamento da coletânea Ciência na Escola para o desenvolvimento sustentável. Em suma, trata-se da publicação fruto de pesquisas elaboradas por alunos e alunas da educação básica de escolas públicas.
A satisfação pelo lançamento estava estampada no rosto dos jovens autores e autoras, seus familiares e professores e da equipe da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) que lançou a proposta e a concretizou. A iniciativa é uma demonstração da instituição em defesa da pesquisa e confirma o poder transformador da educação. O projeto demonstrou a viabilidade de apostar na iniciação científica desde o ensino fundamental e médio.
A coletânea é um produto do 1º Simpósio Intermunicipal de Ciência e Tecnologia na Educação Básica (Sinpete), ocorrido no ano passado e promovido pela Ufal. São dez cadernos, sendo dois, o primeiro e o último sobre tema geral, e os demais com os seguintes títulos: A química sustentável em sala de aula; Experimentos de física de baixo custo; Charta – embalagens de papel semente produzidas a partir de papel reciclado e fibra da casca do coco; A arte sustentável artesanato com conchas em massunim; Horta escolar e sustentabilidade – quem planta, colhe; Physesnsi – sinta a natureza em você – elaboração de produtos cosméticos a partir da casca do cajueiro; Energia limpa e sustentabilidade – faça você mesmo um carregador sustentável; e Águas do Rio Niquim.
O reitor da Ufal, Josealdo Tonholo, participou do lançamento da coletânea e destacou que faz toda diferença “quando essa meninada chega com o livro na mão e mostra a sua primeira obra”. Para Tonholo, o engajamento ainda jovem é determinante para o futuro dos jovens.
“É só o começo de uma estrada muito bonita que vocês estão pavimentando. É a estrada do sucesso. É a estrada da garantia de escolha de uma profissão adequada. É a história sendo construída aqui e agora. E a Universidade Federal de Alagoas tem orgulho muito grande de estar aqui”, ressaltou.
Formação continuada
Tonholo relembrou como a iniciativa para o lançamento da coletânea surgiu. Segundo ele, há cerca de um ano e meio, a Ufal bateu recorde de treinamentos, sendo a instituição que mais fez treinamento no país, entre todas as universidades federais. Somente o Programa de Formação Continuada em Docência do Ensino Superior (Proford), sob a coordenação de Regina Ferreira e Vera Lucia Pontes, fez mais de 1.600 capacitações.
O Proford propôs um projeto para que alguns estudantes conhecessem a Universidade, que seria enviado ao CNPq. Houve a participação de centenas de estudantes, com visitação de milhares de estudantes à Ufal.
“Lembro muito bem dos projetos. Conversei com cada um deles no hall da reitoria. Cada um de vocês com um projeto mais bonito que o outro. Dominavam completamente os projetos que faziam diferença para quem estava apresentando, mas que faziam diferença para a comunidade que também foi impactada por esses projetos. E o resultado disso está aqui”, comemorou o reitor. Ele adiantou que para este ano, o projeto, que começou com três municípios, vai saltar para 20.
Oportunidade
A família da Sabrina Amaro da Silva, 16 anos, estudante de Agroindústria do Campus Murici do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), representa milhões de famílias Brasil afora que encontram na educação uma oportunidade de crescer na vida. A mãe de Sabrina, Silvânia Correia, é dona de casa e voltou a estudar recentemente para concluir o ensino fundamental. Já o pai de Sabrina concluiu o ensino médio e trabalha como cabo de guia de uma usina de açúcar.
“Não consigo imaginar a minha vida sem educação porque foi a partir da educação que a minha vida mudou”, assegurou Sabrina que participou do projeto quando cursava o 9º ano na Escola Juvenal Lopes Ferreira de Omena, em Murici.
Visivelmente emocionada, Silvânia foi prestigiar o lançamento da coletânea junto com a irmã de 6 anos da estudante. “Eu não esperava, mas estou muito orgulhosa desse lançamento aqui na Bienal”, comentou.
O impacto da educação na vida de Sabrina é uma marca. Além do lançamento da coletânea, ela conseguiu bolsas de estudo remunerada e neste mês participou Hobifog, no Rio de Janeiro, na Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA). Para o futuro, Sabrina tem um objetivo: continuar a focar nos estudos.
Emoção
Manuella de Carvalho Svartman, 17 anos, ex-aluna da Escola Estadual Professor Teotônio Vilela Brandão, localizada no bairro da Jatiúca, em Maceió, aceitou o convite da professora Tatiane de Omena, junto com mais três alunas do 2º ano do ensino médio, para participar do projeto que resultou na publicação do caderno Physesnsi – sinta a natureza em você (elaboração de produtos cosméticos a partir da casca do cajueiro).
Manuella se mudou para São Paulo, mas fez questão de participar do lançamento. Segundo ela, a ideia inicial era participar apenas do Sinpete. No entanto, a Ufal sinalizou com a ideia de publicar o material. “A gente relatou todo o processo do projeto na cartilha. As ideias, a matéria que a gente escolheu até os resultados. A experiência foi maravilhosa e é uma honra estar aqui hoje”, disse Manuella.
A professora de Manuella, Tatiane de Omena, disse que após muitos estudos e pesquisas, o grupo chegou aos benefícios, como cicatrizante e hidratante, e fez shampoo, condicionador, diversos sabonetes para o rosto e o corpo, tanto masculino quanto feminino, além de outros produtos.