Assunto vira tema de e-book escrito por jornalista do Ifal e que já está disponível para a população
Elaine Rodrigues – jornalista com fotos de Renner Boldrino
Entre os estandes da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, o de Palmeira dos Índios, com Iarapcuna e sua filha, Nara, chama a atenção. Eles são da aldeia Coité, da etnia Xucuru-Kariri, e trouxeram brincos, colares, pulseiras, arcos e muitos objetos de artesanato para serem comercializados com os visitantes.
Essa é a primeira vez que Iarapcuna participa da Bienal do Livro de Alagoas e o estande representa todo o esforço da aldeia. “A gente trabalha o ano todinho. A gente vende peça, compra, faz. Se eu vendo dez arcos, eu faço em casa outros cem. E eu não vendo só aqui, eu vendo para o Brasil inteiro, em feiras de São Paulo, Brasília, Rio, Recife. A gente vem divulgar nosso trabalho quando tem oportunidade”, contou Iarapcuna, acrescentando que a Secretaria de Cultura de Palmeira dos Índios é responsável pelo estande que foi cedido para a aldeia Coité, que possui 37 famílias.
Iarapcuna conta ainda que as famílias vivem da cultura e da roça, e que hoje há professores indígenas da própria aldeia que foram qualificados, garantindo a manutenção de costumes e tradições. Mas a terra ainda é um problema que persiste. “As melhores terras estão nas mãos dos posseiros, então o povo tem dificuldades para se desenvolver”, lamentou o indígena.
Etnias Indígenas Alagoanas
A questão das terras é o maior problema indígena, segundo a pesquisa realizada pela jornalista do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), Adriana Cirqueira, para o Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica. No último sábado (12), o e-book Etnias Indígenas Alagoanas, de autoria da jornalista, foi relançado em uma atividade realizada no estande do Ifal.
“Foi um panorama do que foi o meu e-book e trouxe uns dados estatísticos para fundamentar o que a gente discutiu depois: a questão da terra, da falta de demarcação do território, da situação econômica muito fragilizada dessas comunidades, da falta de estrutura, da falta de educação”, resumiu Adriana.
De acordo com dados do e-book, os grupos étnicos do Sertão alagoano não possuem terras demarcadas e estiveram à margem de políticas públicas, uma situação que acomete muitas famílias de povos indígenas.
“O povo cresce e a terra é só aquela. Os Jiripanko têm uma terra, mas é tradicionalmente pequena, não foi demarcada”, explica Adriana, com duas integrantes de uma das aldeias. Viviane Santos, representante do Coletivo Guerreiras da etnia Jiripanko, do alto Sertão de Alagoas, trouxe algumas peças de artesanato para comercializar na Bienal, no estande do Ifal, até segunda-feira (14).
O artesanato é produzido pelo coletivo de mulheres da aldeia, formada por cerca de 1.500 pessoas. “O maior desafio para a gente está sendo enfrentar o preconceito. Ainda existe muito preconceito, principalmente com mulheres. Muitos ainda falam que mulher é sexo frágil e não consegue resolver as coisas. Mas a gente vem mostrando que a gente pode”, garantiu a indígena.
Outra discussão realizada foi a da 3ª Marcha das Mulheres Indígenas, prevista para o mês de setembro, em Brasília. O tema deste ano é Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais e o manifesto ressalta que não é mais tolerável aceitar políticas públicas inadequadas aos povos indígenas.
Acesse aqui gratuitamente o e-book Etnias Indígenas Alagoanas.