Mais de 300 pessoas estiveram presentes no auditório do Centro de Convenções
Jamerson Soares – jornalista com fotos de Renner Boldrino
Vencedor de diversos prêmios nacionais e internacionais, o ícone da literatura contemporânea brasileira, Itamar Vieira Junior esteve presente na noite deste sábado (12), para uma palestra sobre a sua vivência na escrita, seu mais recente livro “Salvar o Fogo” e o sucesso que obteve com o considerado Best Seller, “Torto Arado.”
O encontro ocorreu no Centro de Convenções Ruth Cardoso, localizado no bairro de Jaraguá e mais de 300 pessoas, entre elas fãs e leitores, lotaram o auditório. Os olhares atentos voltados para o palestrante indicavam entusiasmo e curiosidade, justamente pelo fato de ter à frente um dos escritores mais renomados atualmente no Brasil.
Itamar começou sua fala agradecendo o convite da Bienal e a oportunidade de estar falando um pouco mais sobre o processo de criação de suas obras. Logo depois, sua infância e as suas vivências enquanto um corpo preto foram assuntos para discussão, que também refletem nos seus escritos.
“Queria agradecer a Bienal por estar aqui, é sempre um momento muito precioso estar em contato com os leitores. Enquanto eu escrevia a história de Torto Arado, eu nunca projetei na minha cabeça que seria um livro para encontrar muitos leitores, o que aconteceu comigo foi o meu compromisso com a literatura. E essa história eu queria contar, era o que eu queria dizer, sentia necessidade”, relatou.
Dificuldades no processo de publicação
Itamar Vieira Junior também comentou sobre a dificuldade de conseguir editoras brasileiras para publicarem o livro, a infância e o preconceito ainda existentes contra pessoas pretas, a relação da sua escrita com a sua formação de geógrafo, especialmente no que diz respeito aos territórios, as comunidades quilombolas e as pessoas do campo. Além disso, foram abordados assuntos como a conquista dos jovens pela leitura na era da tecnologia.
“Para vocês terem uma ideia eu não tinha nenhuma editora para publicar no Brasil. Inscrevi a obra primeiro em uma premiação internacional e depois soube que venci. Meses depois que foi publicado no país, o livro foi pouco a pouco conquistando os brasileiros. Se ele é o que ele é, é porque os leitores encontraram algo especial para eles. A nossa história e tudo que nos forma é muito precioso, a história do brasil apesar de toda dor, ainda assim é nossa história, e guarda algo muito importante sobre nós mesmos”, disse ele.
Público aprovou palestra
Para a professora de história, Lívia Gomes, de 32 anos, que prestigiou a palestra para representar seus alunos, foi um momento incrível porque possibilitou mais conhecimento sobre a vida do escritor.
“Eu vim para essa palestra porque meus alunos indicaram o livro do Itamar para um debate. A gente está discutindo muito sobre a literatura brasileira e novos autores. É muito incrível como ele faz isso de resgatar memórias através da ficção. A gente consegue ter esse acesso à leitura e a Bienal traze esses autores brasileiros, e negros, é muito importante”, afirmou a professora, que estava na fila de autógrafos segurando o livro de Itamar.
A assistente social Camila Amorim ficou surpresa com o auditório lotado de jovens e achou a palestra empolgante. “Hoje, no mundo de redes sociais, os jovens acabam se interessando cada vez menos por leitura e literatura, e ver esse espaço totalmente ocupado por eles me enche de esperança. Ouvir o Itamar também foi muito gratificante, me senti muito feliz”, declarou.
Sobre a Bienal
Com uma semana extensa e produtiva de programação, juntando palestras, exposições e apresentações culturais, a 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas conta com 130 estandes, mais de 300 editoras de várias partes do país e algumas da Argentina, que é o país homenageado nesta edição. Além disso, a previsão é de que o evento reúna 400 mil pessoas, sendo 50 mil estudantes, e R$ 5 milhões em vendas.
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