Em uma turma de 58 estudantes, a experiência de conhecer o espaço foi pioneira para todos
Fabiana Barros – jornalista com fotos de Mitchel Leonardo
“A melhor experiência é estar na Bienal do Livro. É o melhor passeio da minha vida”, a declaração é de Mariana da Conceição, 15 anos, aluna da Escola Municipal Sérgio Luiz Pessoa, localizada no bairro da Chã da Jaqueira. Ela estava com mais 57 alunos, da mesma unidade educacional, que nunca pisaram no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Jaraguá. Para ela, como tantos outros, foi um dia especial por conhecer o maior equipamento de eventos do Estado, transitar em meio a centenas de estandes e ter a oportunidade de assistir ao espetáculo no Teatro Gustavo Leite, As Aventuras de Liminha e Zumbinho.
Relatos como o de Mariana reforçam como o impacto da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas é imensurável na vida de muitas crianças que têm a oportunidade de assistir uma peça teatral pela primeira vez. E, ao mesmo tempo, revela o abismo cultural e a dificuldade de acesso à cultura quem reside em áreas periféricas.
Encontro e encanto com a cultura
Mariana, que é autista, representa o acesso à cultura e mostra o tamanho da representatividade da Bienal para os alagoanos. Confirma, inclusive, o quanto é um evento democrático e inclusivo. A expressão de Mariana transmitia toda euforia da adolescente ao chegar no Centro de Convenções, ao entrar no teatro e se deparar com toda estrutura.
A exploração da pequena pela Bienal não parou por aí. A visita a estrutura de 4 metros de altura e 6 metros de diâmetro, com piso espelhado e coberta por 2 mil revistas Graciliano cedidas pela Imprensa Oficial, intitulada Terra, a Grande Maloca, foi um evento à parte. Acompanhada pela auxiliar de sala, a garota ficou encantada com o formato e tocou nas revistas perguntando se era para vender. “Estou adorando demais. Tudo é divertido”, disse.
Já Izaque Ezequiel, 10 anos, também da Escola Municipal Sérgio Luiz Pessoa pela primeira vez, esteve no teatro. “É tudo muito grande. Tudo muito bom”, afirmou. Antes do espetáculo, a expectativa era grande. Ana Letícia Aquino, 11 anos, estudante do 5º ano da escola particular CEI, comemorou a primeira assistir a primeira peça junto com os colegas de turma. “Estou esperando uma apresentação emocionante. Achava que o teatro parecia com o cinema”.
A diretora da Escola Municipal Sérgio Luiz Pessoa, Cristiane Araújo, disse que todos os alunos receberam um vale no valor de R$ 20 para utilizar na Bienal. “É uma oportunidade única. Nenhum dos 58 alunos conheciam o Centro de Convenções. É muito especial porque eles estão conhecendo o Centro de Convenções e na Bienal”, destacou.
O espetáculo
A Bienal homenageia os 130 anos do poeta alagoano Jorge de Lima, nascido em 1893, no município de União dos Palmares. Inspirado na obra de Jorge de Lima, As Aventuras de Liminha e Zumbinho leva para o palco uma adaptação do livro infantil homônimo escrito pelo ator Chico de Assis.
O ambiente sonoro do espetáculo tem músicas e som que lembram a memória das cantigas de cultura popular, além do hip hop, que é a linguagem negra atual da comunidade periférica.
A Invisível Companhia de Teatro realizou duas apresentações na Bienal nesta quinta-feira (17), aconteceu às 10h30 e às 15h. A peça, em média 50 minutos, é recomendada para o público a partir de 7 anos de idade. É um espetáculo musical, multimídia e que valoriza, acima de tudo, a relação das crianças com os negros e idosos.
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