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Carla Akotirene debate a vivência da mulher negra no Brasil

Palestrante também alertou para a responsabilidade em preencher a autodeclaração de raça

Elaine Rodrigues – jornalista com fotos de Renner Boldrino

Carla Akotirene debate a vivência da mulher negra no Brasil

A ativista, pesquisadora e escritora Carla Akotirene esteve na sexta-feira (18), na 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. O tema da palestra e da roda de conversa mediada pela professora Elita Moraes, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) foi a interseccionalidade, do qual a estudiosa aborda em seu livro publicado em 2018.

Akotirene começou explicando que interseccionalidade é um conceito cunhado pela feminista estadunidense Kimberlé Crenshaw, em 1989. “É um conceito que surge para sistematizar o lugar situado das mulheres negras e o legado nosso de luta contra o racismo, contra o patriarcado, contra o capitalismo”, detalhou. Ou seja, a interseccionalidade é um lugar de identidade que é interceptado por mais de um marcador social: raça, gênero e classe para a mulher negra no Brasil.

Durante sua explanação, a ativista, que é formada em Assistência Social e doutora em Estudos de Gênero, deu alguns exemplos de como a mulher negra é atravessada por essas questões, nas dificuldades de colocação no mercado de trabalho, na família, no presídio, em outros locais e em todas as suas experiências.

“Se a gente quer a paz, a gente quer a harmonia, a gente quer que os nossos valores africanos prevaleçam, a gente precisa romper tudo que foi trazido pela experiência colonial. Então, a interseccionalidade é essa sensibilidade analítica da gente lidar com sistema de justiça, segurança pública, pensar na violência contra a mulher, mas pensar nas insuficiências das categorias analíticas trazidas pelo ocidente”, explicou.

Autodeclaração

Outro aspecto abordado na atividade realizada na Bienal de Alagoas foi relacionado à autodeclaração de raça, uma ação importante para o planejamento, a manutenção e a avaliação de políticas públicas. “A gente não pode fazer autodeclaração conivente com aspectos subjetivos de nossa identidade. Se sua mãe, por exemplo, tem anemia falciforme e ela me diz que é uma mulher indígena e não uma mulher preta, em termos epidemiológicos, o estado começa a entender que uma doença que até então era prevalente na população negra, agora é prevalente nos povos indígenas. Então, a gente não pode brincar de autodeclaração”, reforçou Carla.

E sobre os pardos, a pesquisadora lembra que o Estatuto da Igualdade Racial aponta que raça negra engloba os autodeclarados pretos e pardos. Mas a pesquisadora ressaltou que não entram critérios subjetivos ou discursos, que possam “prejudicar todos os esforços para a criação de ações afirmativas e políticas de promoção à igualdade racial”, disse ela.

Mãe Bernadete

Carla Akotirene ainda lamentou a morte de Mãe Bernadete, líder do Quilombo Pitanga dos Palmares e ialorixá, que foi assassinada a tiros na última quinta-feira (17), na região metropolitana de Salvador, na Bahia. “Estamos em choque, na Bahia, devido à morte brutal da ialorixá Bernadete. É uma liderança de resistência em prol da preservação dos territórios quilombolas”, lamentou, lembrando que ela foi vítima também de racismo e terrorismo religioso.

Sobre a Bienal

A Bienal Internacional do Livro de Alagoas é realizada no Centro Cultural e de Convenções Ruth Carvalho, até o dia 20 de agosto, das 10h às 22h. Todas as informações sobre a Bienal estão disponíveis no site e também nas redes sociais: @bienaldealagoas no Threads, Instagram e no Facebook. As fotos oficiais do evento podem ser vistas pelo perfil da Ufal do Flickr.

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