Ativista, pesquisadora e autora ganhou notoriedade ao falar sobre interseccionalidade
Deriky Pereira – jornalista
A ativista, pesquisadora e escritora Carla Akotirene é mais uma presença confirmada na programação da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. O maior evento cultural e literário do estado será realizado entre os dias 11 e 20 de agosto no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, no bairro de Jaraguá, em Maceió e contará com a participação de Carla que, dentre outros temas, ganhou notoriedade ao falar sobre interseccionalidade e o que ela significa após publicação de livro sobre o assunto.
Nascida em Salvador (BA), Carla Adriana da Silva Santos também é assistente social formada pela Universidade Católica do Salvador (UCSal) e doutora em estudos feministas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Sob a orientação da líder religiosa Makota Valdina, adotou o nome Makota Irene (Akotirene) aos 25 anos em memória da grande liderança quilombola do período colonial.
Na década de 1990, trabalhou também como cordeira e segurança do bloco afro Ilê Aiyê e iniciou, nos anos 2000, sua militância participando do Núcleo de Estudantes Negras Matilde Ribeiro, do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra, coordenou uma campanha nacional contra o extermínio da juventude negra e dentre outros projetos.
“O que é interseccionalidade”
Foi com este livro que Carla Akotirene ganhou ainda mais notoriedade. Segundo a autora, a interseccionalidade seria uma encruzilhada de estruturas e uma oferenda analítica preparada para as feministas negras para alimentar os outros. O termo, conceitualmente, foi cunhado pela jurista estadunidense Kimberlé Crenshaw, no âmbito das leis antidiscriminação, aportada na teoria crítica de raça
“O conceito visa explicar a inseparabilidade estrutural do racismo, capitalismo e cisheteropatriarcado, bem como as articulações decorrentes daí, que imbricadas repetidas vezes, colocam as mulheres negras mais expostas e vulneráveis aos trânsitos das estruturas. Interseccionalidade não é sobre quantas identidades uma pessoa tem! É sobre matriz de poder colonial que cria e dificulta o trânsito das identidades lidas na categoria de Outros”, disse a autora em entrevista ao site Casé Fala.
Com o objetivo de trabalhar a origem, o fundamento e as críticas à Interseccionalidade numa linguagem decolonial, Carla apresenta sete críticas ao conceito ao dialogar com nomes como Angela Davis, Ochy Curiel, Gilza Marques, Jasbir Puar, Sueli Carneiro, Patrícia Hill Collins e Houria Bouteldja. O livro, inclusive, também se destacou após a Revista Vogue nomeá-lo entre os dez considerados fundamentais escritos por mulheres negras e a Revista Glamour o incluiu na lista dos cinco teóricos sobre a luta antirracista no país.
Além de “O que é Interseccionalidade” (2018), lançado pela Coleção Feminismos Plurais que é coordenada por Djamila Ribeiro, Carla Akotirene também é autora de “Ó Paí Prezada! Racismo e sexismo tomando bonde nas penitenciárias femininas de Salvador” (2020), tendo ambos sido publicados pela Editora Jandaíra.
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Sobre a Bienal
A 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas é uma realização da Universidade Federal de Alagoas e do Governo de Alagoas, com apoio da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e Sebrae. Sob a coordenação da professora Sheila Maluf, o evento tem ainda apoio do Sesc, Natura e Instituto Natura, Hotel Ponta Verde, Empresa Junior de Arquitetura e Engenharia Civil (Ejec) e outras instituições.
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