Sessão tratou “Desigualdades, cidades e corres” a partir de apresentação e debate sobre três filmes alagoanos
Mariana Lima – jornalista com fotos de Renner Boldrino
Uma das últimas atrações da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas foi uma sessão especial do Cineclube Cinema da Parte Alta – especial não apenas por ser dentro da Bienal, integrando sua programação cultural, mas por ser realizada na parte baixa de Maceió, local onde estão a maioria das salas de cinema e equipamentos de cultura e lazer da capital alagoana, um debate transversal que também foi posto em pauta.
“Todas as nossas sessões até então sempre aconteceram na parte alta, essa é a primeira vez que a gente vem para a parte baixa, trazendo também essa crítica da exclusão que a parte alta vivencia da programação cultural, das salas de cinema, de toda percepção da própria cidade de entender que aquele território muitas vezes não é considerado um território habitável, digno, produtor de cultura”, revelou Beatriz Vilela, professora do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
O Cineclube Cinema da Parte Alta existe desde novembro de 2022, fruto do Edital de Vivências Artística das Pró-reitorias Estudantil (Proest) e de Extensão (Proex) da Ufal, com o propósito de levar mais atividades culturais para dentro do Campus A.C. Simões, em Maceió. Desde então, as sessões de filme e debate – atividades que caracterizam um cineclube – tiveram lugar no ICS.
Integrar a programação da Bienal do Livro foi um convite para apresentar algumas das atividades deste edital, mas também uma forma de ocupação de um espaço estratégico no maior evento cultural e literário do estado para trazer uma reflexão crítica sobre a cidade de Maceió e as desigualdades que nos atravessam.
“Um dos objetivos do cineclube é ver filmes alagoanos e fazer uma reflexão crítica sobre temas que consideramos importantes. Já trabalhamos com vários temas: culturas populares, sobre paisagens urbanas, cinema LGBTQIA+, então estamos aí tentando trazer não apenas a produção, mas também a reflexão”, provocou Beatriz, pesquisadora e realizadora audiovisual.
Exibição
Foram exibidos os documentários Memória da Vida e do Trabalho, de 1984, dirigido por Celso Brandão; Maninha Xukuru-Kariri, de 2022, uma parceria entre Celso Brandão e Aldemar Barros; e Minha Palavra é a Cidade, dirigido por Taynara Pretto, de 2015. Além de terem sido feitos por realizadores alagoanos no próprio estado, as obras têm em comum a reflexão sobre a cidade e as desigualdades que existem em Maceió e em Alagoas como um todo.
O debate posterior foi conduzido por Fernando de Jesus Rodrigues, professor do Instituto de Ciências Sociais e contou com a participação das integrantes do cineclube Magda Braz e Serdiane Anastácia. Ainda integram o projeto os alunos Felipe Celso e Richard Santos, também da Ufal.
Novas sessões em breve
Com a renovação do projeto, o próximo passo é sair da universidade e realizar exibições nas escolas da parte alta e estabelecer um diálogo com a comunidade.
“Estamos conferindo alguns detalhes e fechando a programação de setembro a dezembro. O público pode ficar atento ao nosso Instagram, @cinemadapartealta, e também nas agendas culturais de veículos da imprensa, onde também divulgamos nossas exibições, e está mais que convidado para ver filmes e debater conosco em nossas sessões”, completou Beatriz Vilela.