Home / Notícias

Debate público sobre direitos humanos é tema de palestra na Bienal

Ruben Chababo apresentou panorama dos direitos humanos nas Américas Central e do Sul em papo com mais semelhanças do que diferenças entre Brasil e seus vizinhos

Mariana Lima – jornalista com fotos de Renner Boldrino

Pesquisador argentino Ruben Chababo em palestra na Bienal

Com um currículo de anos de aulas e discussões sobre Memória e Direitos Humanos em diferentes países da América Latina, o professor Rubén Chababo envolveu os participantes da mesa-redonda “Direitos Humanos na América Latina” neste sábado (12), na 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, numa conversa com mais semelhanças do que diferenças de cenário entre o Brasil e seus vizinhos na América do Sul e países irmãos na América Central.

Chababo é um dos palestrantes que compõem a programação da Argentina enquanto país homenageado desta Bienal e trouxe informações que podem soar dolorosas pela sua complexidade – a atuação do narcotráfico e máfias em países da América Central, ataques a direitos básicos, racismo, ataques à democracia, políticos mais interessados no processo eletivo do que na política.

Mas ele também entregou, na mesma medida, o incentivo e a esperança para que as pessoas e os movimentos sociais se unam para mudar este cenário ao cravar que os direitos não são presentados, mas conquistados. Por isso, o também diretor do primeiro Museu Internacional para Democracia, localizado em Rosário (ARG), defendeu a boa informação e que ela alcance cada vez mais pessoas.

Público participou de palestra com pesquisador argentino

“São tempos difíceis para os direitos humanos não só na América Latina, mas onde colocamos os olhos. O que fazer? A primeira coisa é não fechar os olhos, informar-nos e fazer com que a informação circule e chegue a mais pessoas. Para mim, a esperança está nas pessoas e na sua organização nos movimentos sociais, que tomam as ruas e semeiam a luta, empurram as pessoas. Acredito e acompanho os partidos políticos, mas a minha fé está nas pessoas que fazem os movimentos sociais”, afirmou.

Esta declaração reverberou na estudante de Letras da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Itana Campos. Segundo ela, saber como os argentinos encaram alguns temas pode nos ajudar com um outro olhar ao que passamos por aqui.

“Escolhi vir para esta Mesa porque é um tema atual com o qual precisamos entrar em contato e foi muito bom ter vindo, porque estamos tão focados no Brasil que é interessante ver que essas questões também estão sendo debatidas em outros países e que também passam por isso na Argentina, por exemplo”, refletiu a estudante.

Combater a cegueira voluntária

Chababo apontou que a América Latina tem heranças coloniais e processos sociais diferentes, mas que chegam a uma desigualdade social parecida. Porém, em todos eles, há o problema da gritaria em torno de alguns temas ao invés de uma real discussão social.

Ele também apontou a existência de uma “cegueira voluntária”, que ocorre no momento em que um grupo tende a ignorar um ataque aos direitos sociais quando é cometido por políticos ou instituições a quem tenha afinidade ou contra um grupo ao qual tenha antagonismo.

“Isso não pode acontecer. Fracassa os direitos humanos quando há o silêncio mediante um ataque. Um preso político é um preso político, um torturado é um torturado. Não deve nos importar que ideologia pratica esta ofensa. Se eu quero te matar porque não concordo com o que você diz, há algo que se rompe no tecido democrático. É preciso repor a conversação pública em termos muito mais democráticos, ter em mente que eu não concordo com o que você diz, mas isso não faz de você meu inimigo”, defendeu.

Educar os jovens a pensar o futuro

Rubén Chababo destacou a importância de se debater direitos humanos em um evento como a Bienal de Alagoas, diante de uma plateia formada em sua maioria por jovens na casa dos 20 anos; jovens esses que o pesquisador diz acreditar neles e no papel que desempenham em prol de uma mobilização social.

“Devemos fomentar uma educação sobre direitos humanos nos jovens, explicar que se queremos viver em sociedades mais justas e equitativas, esses direitos humanos devem ser respeitados e considerados quando formos pensar nesse tipo de sociedade”, concluiu o pesquisador argentino.

Não deixe de acompanhar as novidades da Bienal no site e também pelas redes sociais: @bienaldealagoas no ThreadsInstagram e no Facebook. As fotos oficiais do evento podem ser vistas pelo perfil do Flickr.

REALIZAÇÃO

Logo Governo de Alagoas
Logo UFAL

PATROCÍNIO

GESTORA

Logo FUNDEPES

APOIO

PARCEIROS