Solenidade foi realizada no estande da Editora como parte da programação da Bienal
Mariana Lima – jornalista com fotos de Renner Boldrino
O Café Literário, no estande da Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal), reuniu obras diversas na noite de lançamentos desta quinta-feira (17) na 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Um dos lançamentos em particular conversa com boa parte do público desta Bienal, especialmente entre os mais jovens.
O dicionário explica que distopia é “qualquer descrição imaginativa de um país, de uma sociedade ou de uma realidade em que se vive em condições de extrema opressão ou em regime totalitário”. Em sua tese de doutorado em Estudos Literários na Ufal, Felipe Benício analisa 16 obras para entender como autores contemporâneos estão renovando o conceito estabelecido com sucesso no século 20, pegando certas características e reelaborando de um jeito mais criativo ou subversivo.
O intuito não é “negar” o que os autores do século passado fizeram, mas evoluir o estilo e buscar novas formas de contar uma história. Um bom exemplo desta evolução é a autora Margaret Atwood, com obras nas duas classificações: “O Conto da Aia” é uma distopia de 1985, enquanto a trilogia do “Adão Louco” (Maddaddam) acaba de completar dez anos desde sua primeira publicação.
“O neodistópico é uma resposta à profusão de livros e a repetição dessa fórmula que foi estabelecida pela distopia no século 20. Ele é um modo narrativo que vai pegar certas características e reelaborar de um jeito mais criativo, mais subversivo. Não é que os autores deixaram de escrever distopias no formato anterior, o neodistópico é uma variação do gênero, uma forma que autores e autoras estão buscando para renovar o gênero neste século 21”, explicou Felipe Benício.
Em um momento no qual não apenas os livros, mas as séries, histórias em quadrinhos e cinema voltam com releituras ou lançamentos de obras inspiradas nos grandes nomes da distopia – Duna, Fundação, Metropolis – ou mais comerciais – “A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes”, prequel de Jogos Vorazes – Felipe Benício dá sua visão do porquê este gênero chama tanto a atenção do público.
“Acho que entramos no século 21 e a nossa sociedade foi ficando ela mesma cada vez mais distópica, cada vez mais parecida com aquela sociedade problemática e opressora que nós vimos ser descritas nas obras do século 20. É tanto que o termo, em algum momento, sai do seu âmbito estritamente literário e passa a ser empregado para descrever a nossa vida”, refletiu o pesquisador.
Felipe Benício contou falou que tanto a distopia quanto o neodistópico têm uma vocação política natural, de criticar ou questionar. “E também direcionar a nossa atenção aos problemas do presente, então é um gênero muito útil para se refletir sobre a nossa sociedade hoje” ponderou Benício.
A lista completa das obras lançadas é a seguinte:
- “Reflexões e perspectivas identitárias a partir da obra de José Zumba”, por Jeamerson dos Santos;
- “O neodistópico: metamorfoses da distopia no século XXI”, por Felipe Benício;
- “Ensino de Ciências e Matemática: formação docente e práticas para sala de aula”, de Ana Maria Santos de Mendonça, Liliane de Oliveira Brito, Rosemeire Roberta de Lima (Org.);
- “Meteorologia em tópicos – v. 8”, de Glauber Lopes Mariano (Org.);
- “A matemática para a formação de professores da escola normal maceioense: geometria como um saber profissional (1860 – 1930)”, de Edlene Cavalcanti Santos; e
- “Itinerários de processos criativos no ensino de teatro”, de Carla Medianeira Antonello.