Local é ponto de encontro para santanenses espalhados pelo mundo para lançamentos de livros ou um bate-papo
Mariana Lima – jornalista com fotos de Renner Boldrino
SWA pronuncia-se “suá” com “u” mais rápido. A palavra é do sânscrito, idioma antigo da região da Índia, e quer dizer força, poder, energia, sol. José Malta Fontes Neto tinha uma empresa com esse nome quando dava aulas de yoga e resolveu mantê-lo quando começou a publicar livros. Primeiro, uma coletânea de textos publicados por diversos autores no Maltanet, site que administrava na cidade sertaneja de Santana do Ipanema.
Então, depois de um tempo, decidiu, ele mesmo, publicar seu livro. Aí, um amigo padre pediu ajuda também para tirar uns escritos da gaveta e, quando percebeu, a editora tomou corpo próprio. Assim começou a Editora SWA, que marca quatro participações – sendo a terceira consecutiva – na edição da Bienal Internacional do Livro de Alagoas como um pedaço de Santana do Ipanema na capital.
A primeira participação foi em 2007, em um estande 3×3 no canto mais afastado do Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, com exibição dos três livros iniciais da SWA. “O estande não tinha nem o nome da editora, o nome era Santana do Ipanema – Portal Maltanet, e eu não tinha edições para vender, só queria mostrar a nossa produção, que Santana estava ativa. Somos terra de escritores, não à toa a Imprensa Oficial Graciliano Ramos está lançando toda a coleção do nosso conterrâneo Breno Acioli este ano”, contou Malta.
Ele voltou em todas as Bienais seguintes como público e com a SWA para a Praça de Autógrafos Paraíso de Papel, aproveitando o espaço para os lançamentos independentes. Porém, isso não era suficiente: a editora estava crescendo, os autores e os santanenses queriam mais tempo para se encontrar, conversar, lançar seus livros e viver um pouco da cidade no espaço nobre da literatura que a Bienal representava.
“Em 2017, falei com os autores que, sozinho, eu não tinha condições, mas que se eles se comprometessem, eu faria o projeto, nós faríamos uma cotinha e a SWA viria para a Bienal. Isso tem acontecido desde então. No começo, tivemos cinco ou seis livros lançados, nesta edição, em 2023, estamos com 26 livros sendo lançados na Bienal”, revelou, orgulhoso, José Malta.
O “segredo” para este sucesso não é só a oportunidade para que os escritores lancem seus livros na Bienal, mas a possibilidade de reunião de tantos sertanejos afastados no mundo, pela vida, pelo trabalho ou pelo traço de desbravadores que o sertanejo tem em si. O estande da SWA em cada Bienal transformou-se em uma espécie de “embaixada” de Santana do Ipanema na capital alagoana, um local para encontrar velhos conhecidos e descobrir novas histórias.
Nas prateleiras e mesas de autógrafos, lançamentos dos mais variados: o jornalista Manoel Constantino, radicado há 50 anos no Recife, fez questão de relançar seu “A menina que vendia rosas encarnadas” na SWA, mesmo que a editora original fosse a pernambucana Bagaço.
No mesmo dia, mais cedo, ocorreu o lançamento de “Centenário de Santana do Ipanema em Poesia”, preparado especialmente para a Bienal do Livro reunindo as criações de crianças, adolescentes e adultos da rede municipal de ensino que participaram do 1º Concurso Municipal de Poesias em 2021, celebrando os cem anos da elevação da “Villa de Sant’Anna do Ipanema” ao patamar de município.
“As crianças vieram de ônibus com as escolas, passearam pela Bienal, participaram das atividades, ganharam livros, foi belíssimo! Algumas crianças viram o mar pela primeira vez e estavam encantadas, dizendo que as ondas se movem de um jeito diferente do que viam na televisão. Só de lembrar me vêm lágrimas nos olhos”, relatou, emocionado, José Malta.
De fato, a SWA se tornou muito mais do que o espaço de uma editora na Bienal do Livro de Alagoas ou o local de encontro de sertanejos pelo mundo. Nesta 10ª edição, o estande tornou-se o ponto de partida dos sonhos de uma nova geração de escritores e escritoras santanenses.