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Luckesi debate processos de avaliação com educadores na Bienal

Estudantes de Pedagogia aproveitaram para ver especialista que professores tanto citam em sala de aula

Mariana Lima – jornalista com fotos de Renner Boldrino

Cipriano Luckesi durante o seminário

Para fechar em grande estilo o Seminário de Educação, promovido pelo Centro de Educação (Cedu) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em parceria com a Editora Cortez, a 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas recebeu, nesta quarta-feira (16), Cipriano Luckesi, professor e autor referência na área de avaliação da aprendizagem.

Em uma conversa franca com uma plateia de educadores e estudantes de Pedagogia e Letras, entre outras disciplinas, Luckesi discutiu formas de usar melhor os recursos tecnológicos e demais ferramentas que temos hoje em classe para melhor acolher e incentivar os estudantes a se desenvolverem e pensarem criticamente.

Tendo como mediador o professor Eraldo Ferraz, coordenador do curso de Pedagogia da Ufal, Luckesi começou sua apresentação fazendo um histórico da estruturação dos modelos escolares no mundo, desde os tempos aristotélicos, no qual o aluno [apenas meninos tinham acesso à educação formal na época] se mudava aos 6 anos de idade para a casa do mestre e lá ficava aprendendo até os 30 anos. Passou pelo século 15 com um de seus exemplos favoritos: Leonardo da Vinci, que viveu em um tempo sem escola, com livros copiados, mas com um mestre que o desafiava a buscar conhecimento.

O momento em que o processo avaliativo mudou e passou a focar no exame, segundo Luckesi, foi pós-Revolução Francesa. O movimento se fortaleceu com a educação dos jesuítas e dos protestantes, atravessando os anos até o atual século 21.

“A avaliação desapareceu e vigorou o exame, e eu trabalho muito para que isso mude. Acredito que todos os professores do ensino fundamental e médio deveriam aprender a trabalhar com avaliação e não com exame. A diferença fundamental entre eles é como se faz, pois a função da avaliação é garantir a qualidade da ação, sempre”, defendeu Luckesi.

Por isso, ele defende que os educadores assumam uma postura mais ativa dos recursos tecnológicos disponíveis, como a infinidade de telas e acesso à internet, para melhor incentivar e extrair o desenvolvimento e pensamento crítico dos jovens, usando a avaliação como um componente metodológico para de fato avaliar os avanços e identificar oportunidades de crescimento entre os alunos.

“Quando Leonardo da Vinci se educou, os livros eram copiados. Quando eu fui para a escola primária em 1950, nós tínhamos uma rádio que funcionava na cidade e mais nada, então eu lia os livrinhos da escola e assim por diante. Mas à medida que os recursos foram se renovando e se modificando, importa a gente usar o recurso e bem, para que o estudante aprenda e, em aprendendo, se desenvolva. Hoje temos todos os recursos de comunicação, por que não usar bem isso?”, provocou o professor.

Ouvindo atentamente a tudo estava a jovem Débora Luciara, aluna do 4º período de Pedagogia da Ufal, que aproveitou a Bienal para ver pessoalmente um dos principais nomes da sua área.

“Já estudei os livros do Luckesi em duas matérias, os professores falam muito dele em sala e poder vê-lo pessoalmente na Bienal, de graça, é uma grande oportunidade, porque já ouvimos de outros colegas e professores que precisaram viajar para assistir às palestras dele em eventos pagos”, relatou, tendo em mãos o livro Avaliação da aprendizagem para Luckesi autografar ao final da exposição.

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