Encontro contou presença de representantes das aldeias Wassu Cocau, de Joaquim Gomes, Xucuru-Kariri, de Palmeira dos Índios e Katokinn, de Pariconha
Jamerson Soares – jornalista com fotos de Renner Boldrino
A importância de apoiar as homologações de terras indígenas e a luta dessa população, o tenso contexto político nos últimos quatro anos no Brasil e a ocupação de indígenas em cargos de direção foram alguns dos assuntos da mesa-redonda Povos Indígenas: direitos, território e vida, que foi realizada na última sexta-feira (18), no Teatro Gustavo Leite, durante a programação da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas.
Estavam presentes o diretor da Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal), Ivamilson Barbalho; o coordenador da Fundação Nacional dos Povos Indígenas em Alagoas (Funai-AL), Cícero Albuquerque; o professor Amaro Hélio Leite, responsável por mediar a mesa e a representante da aldeia indígena Katokinn, localizada no município de Pariconha, Cidinha Katokinn, que fez um discurso emocionante frente ao público e agradeceu o convite.
Assuntos como a tradição dos povos indígenas, os meios de sobrevivência, os diferentes cargos e lugares que os indígenas ocupam e a resistência da nova geração: “Falar da tradição é ter o meio de sobrevivência, ter a matéria prima. Manter a tradição é manter a vivência cultural, e essa vivência depende muito do território. É nesse território que há amor e pelo qual devemos manter protegido. É a partir dele que a gente consegue ter uma estrutura para prosseguir”, disse Cidinha.
Ainda segundo ela, o poder que há na união e, principalmente, na luta de mulheres indígenas: “A gente tem aí grandes guerreiras que ainda estão lutando para que aconteça a marcha. Mulheres que vão a Brasília para representar o nosso povo, mas ainda assim o envolvimento dessas mulheres é limitado por forças externas. Os problemas começaram a se multiplicar e as mulheres começaram a se unir. Além de donas de casa, nossas mulheres estão cada vez mais se tornando lideranças e esse é o movimento que desejamos”, concluiu.
Proteção dos povos indígenas
Em sua fala, o professor Ivamilson Barbalho destacou a necessidade de difundir ainda mais a proteção aos povos indígenas e agradeceu pela presença dos estudantes.
“É uma enorme alegria estar com vocês aqui, nos sentimos prestigiados com a presença de vocês. Não poderíamos fazer esse encontro com a perspectiva humana, filosófica e espiritual, sem trazer os povos indígenas para a discussão. Não sei se vocês sabem, mas o que resta de matas no país se deve à proteção dos indígenas. Então, estamos aqui para aprender um pouco mais”, afirmou.
O próximo a falar foi o professor Cícero Albuquerque, que falou sobre a importância do reconhecimento e o respeito aos povos indígenas em suas lutas históricas. Ele também frisou a relevância e a representatividade de estar no comando do Ministério dos Povos uma mulher indígena.
“Depois de um período recente de perseguição aos povos quilombolas nós temos novamente no Brasil. Não tem sido fácil porque os povos indígenas estão no caminho e alguns setores políticos poderosos do país estão atrapalhando a visão. Se esse país quiser um dia ser um país justo, terá que saldar a sua dívida histórica com os povos indígenas”, disse Cícero, que também frisou que há, segundo o Censo de 2022, cerca de 25 mil indígenas que ainda resistem em Alagoas.
Na plateia, estudantes de escolas estaduais e municipais, de instituições federais, como o Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), também acompanharam atentamente a discussão. Também estavam entre o público, na segunda fileira da plateia, representantes das aldeias indígenas Wassu Cocau, de Joaquim Gomes e Xucuru-Kariri, de Palmeira dos Índios.
Sobre a Bienal
A 10ª Bienal Internacional do Livro segue até o domingo (20), sempre das 10h às 22h, no Centro Cultural e de Exposições de Maceió. Lembramos que a entrada é franca. Para conhecer com antecedência a programação completa, visite o site do evento e siga-nos nas redes sociais: @bienaldealagoas: estamos no Threads, no Instagram e no Facebook. Já as fotos oficiais podem ser vistas no Flickr.