População também pode contribuir ao doar livros no estande da Escola Superior da Magistratura na Bienal
Elaine Rodrigues – jornalista com fotos de Renner Boldrino
A leitura vem mudando a vida de reeducandos do complexo prisional alagoano. Desde o final do ano passado, o projeto “Livros que Libertam” investe na educação da população carcerária, com distribuição de livros, estruturação de locais para leitura e redução de quatro dias da pena de quem participa da ação, para cada obra lida por mês. Esse projeto foi apresentado na 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, nesta quarta-feira (16).
De acordo com o juiz Alexandre Machado, da 16ª Vara Criminal da Capital Execuções Penais, o projeto está amparado na resolução nº 391/2021 do Conselho Nacional de Justiça e faz com que cada reeducando leia, no mínimo, 12 livros por ano.
“É uma média maior que a média nacional. E ontem a gente alcançou a marca de três mil reeducandos dentro do projeto, dos 4.600 que nós temos. E é uma marca muito significativa quando a gente olha para os números do sistema nacional”, explicou o magistrado, ao acrescentar que, nacionalmente, há um reeducando a cada dez fazendo parte de alguma ação educativa dentro do sistema prisional.
A gerente de Educação da Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social (Seris), Cíntia Moreno, explicou que, depois da leitura, é feita uma validação para comprovar que a pessoa realmente leu o livro por meio de uma resenha sobre a história – atualmente, inclusive, têm reeducandos lendo de três a quatro livros por mês.
Depois, é feita uma certidão que é enviada para a 16ª Vara, com o objetivo de registrar o benefício do reeducando: “Geralmente, eles começam pela remissão. Mas a gente conseguiu colocar o hábito da leitura nas unidades prisionais e isso aí é o mais importante para a gente”, contou Cíntia Moreno.
Iniciativa e parcerias
O projeto “Livros que Libertam” é uma iniciativa da Seris, em parceria com o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) e apoio da Academia Alagoana de Letras (AAL). “O Tribunal de Justiça não medirá esforços para ajudar esse projeto”, garantiu o desembargador Celyrio Adamastor, do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Prisional.
Segundo o secretário de Ressocialização, Diogo Teixeira, além desse projeto, a Secretária também está com atuação em outras ações. Uma delas é o programa “Recomeços”, fruto de uma parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e que vai investir na criação de peixes.
“[O projeto] Vai trazer para dentro do sistema prisional a capacitação, a profissionalização, além de gerar receitas para o estado. O estado vai deixar de comprar peixes e hortaliças que vão ser cultivados dentro do sistema para serem consumidos pelos próprios reeducandos”, explicou o secretário.
O presidente da Academia Alagoana de Letras, Rostand Lanverly, garantiu que o apoio da instituição ao projeto é total. “Os acadêmicos estão apaixonados por isso, nós já visitamos a penitenciária. Inclusive, participamos efetivamente do momento em que a leitura feita foi transformada em uma resenha, numa redação, e nós temos vários planos para isso”, garantiu.
Campanha de doação de livros
Uma das necessidades do projeto é conseguir mais livros para distribuir entre as 11 unidades do complexo prisional de Alagoas. E não são somente livros literários, mas de temas variados, tais como: religioso, autoajuda, de âmbito científico e muito mais.
“A gente precisa muito da participação da sociedade. A gente sabe o poder transformador que o livro exerce na vida das pessoas, a Bienal está aqui para dizer isso. E fazer com que essas pessoas tenham acesso ao livro dentro do sistema prisional, certamente é uma forma e um instrumento muito forte de transformação delas, de ressocialização, para que elas possam voltar à sociedade com uma nova perspectiva que o livro permite ter”, finalizou o magistrado.
De acordo com Alexandre Machado, durante a Bienal, os visitantes da feira podem fazer a doação dos livros no estande da Escola Superior da Magistratura (Esmal). Depois, até o dia 28 de agosto, é possível fazer a doação em um dos pontos de coleta, tais como os shoppings Maceió (Mangabeiras), Parque (Cruz das Almas), Cidade e Farol (ambos no bairro do Farol).
Mas você pode também fazer doações em outros locais, também até o dia 28, na Biblioteca Central da Ufal, situada no Campus A.C. Simões; no Campus Maceió do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), na sede do Tribunal de Justiça e na Seris. Também há pontos de coleta em Arapiraca, no Garden Shopping, no Fórum e no campus da Universidade Federal.