Expoente da luta antirracista, Bárbara Carine lota Teatro
Destaque das causas pretas e antirracista, Bárbara Carine esteve presente na Bienal de Alagoas - Foto: Jônatas Medeiros

Expoente da luta antirracista, Bárbara Carine lota Teatro

Bate-papo com a pesquisadora foi uma das principais atrações do sétimo dia do evento

Roberto Amorim - jornalista / Jônatas Medeiros - fotógrafo

Uma das vozes mais potentes da educação antirracista, a professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Bárbara Carine, foi a atração mais esperada da noite desta quinta-feira (7) da 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas.

Simpática e com profunda gratidão de estar participando do maior evento literário e cultural do estado, ela começou o bate-papo com a plateia afirmando que era nutrida pelo carinho e fortalecida para continuar na luta antirracista devido a presença de todas as pessoas presentes.

“Estou aqui para reafirmar que todos têm o direito de ser gente, dentro das formas diversas de ser gente, sem ter que seguir os padrões excludentes de uma sociedade ocidental eurocêntrica”, ressaltou.

Ela é autora do livro Como ser um educador antirracista (Editora Planeta), que venceu em 2024 o Prêmio Jabuti na categoria Educação. A obra aborda o racismo estrutural no ambiente educacional e propõe reflexões e práticas para um ensino mais justo e inclusivo.

Mediada pela professora do Centro de Educação da Ufal, Jordânia Souza, a conversa teve como principal foco a nova obra da escritora, E eu, não sou intelectual? – um quase manual de sobrevivência acadêmica, lançado este ano e que vem provocando várias polêmicas dentro do circuito universitário de produção científica.

Bárbara Carine explica que seus novos escritos tratam da descolonização do pensamento e questiona a visão tradicional de intelectualidade, considerada limitadora e ligada a padrões “brancocêntricos”.

“O livro apresenta caminhos para uma intelectualidade emancipadora, utilizando a trajetória pessoal da autora e casos do cotidiano para criticar a imposição de modelos únicos de erudição, especialmente em relação às questões raciais, de gênero e sociais”.

Negra e periférica

Aplaudida em vários momentos da sua fala por uma plateia de centenas de pessoas, a pesquisadora afirmou que o modelo tradicional de produzir pesquisa dentro das universidades é o opressor e excludente, causando a desistência de várias pessoas que não se enquadram nas exigências quase feudais para se tornar um “pesquisador respeitado e titulado”. Por isso, segundo ela, é necessário montar estratégias para não ficar no meio do caminho.

“Acredito numa formação múltipla de ser humano, na qual possa existir diversas dimensões e experimentações de leituras, formas de escrita, falas e produções artísticas. O sistema acadêmico hoje posto coloca, por exemplo, a mulher pesquisadora em segundo plano, e é ainda mais complicado para a mulher negra e periférica”.

Ela se posicionou firmemente contra ao que definiu, no livro, como “Pequenos Poderes” dentro dos programas de pós-graduação. Na prática, são formas de opressão dos intelectuais que ditam as regras de como fazer ciência e oprime os que fogem ao padrão, ao invés de acolher e ajudar na inclusão de novas propostas e pensamentos dentro da universidade.

“Não deveria ser um espaço para adoecer as pessoas, mas para libertá-las das ideologias excludentes vivenciadas diariamente nas diversas dimensões da vida social”, concluiu.

Sobre a Bienal

A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas é realizada pela Universidade Federal de Alagoas e pelo governo de Alagoas, com correalização da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e patrocínio do Senac e do Sebrae Alagoas.

Sob a curadoria do professor Eraldo Ferraz, diretor da Edufal, o maior evento cultural e literário do estado também tem como parceiros a plataforma de eventos Doity, a rede de Hotéis Ponta Verde, o Sesc, a Prefeitura de Maceió por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), além das secretarias de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult), de Turismo (Setur) e de Comunicação (Secom) de Alagoas.

Acompanhe as novidades da Bienal 2025 por meio do site oficial e também pelas redes sociais com o perfil @‌bienaldealagoas no InstagramThreads Facebook. E para ver mais fotos sobre a cobertura da Bienal, acesse nosso Flickr e confira todos os detalhes do evento.

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