Histórias transformadoras ganham destaque no evento

Ryan Charles - estudante de Jornalismo / Adriano Arantos - fotógrafo

Como todo bom livro, a Bienal Internacional do Livro de Alagoas também é feita de histórias. Algumas nascem da imaginação; outras, das ações reais que transformam vidas. É o caso de Carla Emanuelle, fundadora da Editora Performance que, nesta 11ª edição do evento, lança 110 títulos de autores alagoanos até 9 de novembro, fortalecendo não apenas a literatura local, mas também o espaço dos escritores independentes no cenário literário nacional.

O que começou como uma iniciativa local hoje alcança autores de todo o país, abrangendo os mais variados gêneros literários. E a trajetória de Carla se entrelaça com a de milhares de escritores que não deixaram que suas inquietações limitassem seus sonhos. Ela transformou desafios em oportunidades, mudando não só a sua vida, mas também a de milhares de autores independentes que, ao longo de quase cinco anos, passaram por sua editora.

Construção de um sonho

A vontade de abrir um espaço para que outros autores pudessem lançar seus livros surgiu no momento em que ela se viu em uma situação corriqueira na vida de quem é escritor: o processo de publicação. “A Editora Performance surgiu a partir das minhas próprias dores como escritora. formada em Letras, Administração e Pedagogia e, no início da minha jornada, eu precisei publicar minha dissertação de mestrado e de doutorado e as editoras que encontrei eram fora de Alagoas e exigiam um investimento alto, fora da realidade”, contou.

E ela continuou: “Então, pensei: Preciso quebrar esses paradigmas, tirar a burocracia e tornar a publicação acessível para todos, e principalmente poder publicar meus próprios livros. Daí, investi em aprender todo o processo editorial, passo a passo, para fundar a editora, montar minha equipe e baratear o processo. Adaptando à realidade de cada autor, porque trabalhar com literatura não é fácil numa sociedade que ainda não valoriza o autor regional”, reforçou Carla.

"Todos os gêneros são acolhidos"

Desde então, Carla não parou, e afirmou que a alegria de cada autor é sua. Independente do gênero, seu objetivo é que sonhos sejam realizados. “Nosso propósito é tornar a publicação acessível a crianças, famílias, pesquisadores, autores de romance, poesia, cordel e literatura infantil. Todos os gêneros são acolhidos. Todos somos capazes de publicar nosso livro”, reafirmou.

E a prova disso são os lançamentos que acontecem diariamente no estande da Editora Performance, na Bienal. Para os autores, uma oportunidade única e para a editora, uma sensação de dever cumprido. “Esse sentimento de pertencimento mostra que este é nosso espaço. Estamos dando acessibilidade, quebrando recordes de público, lançamentos e escritores engajados”, exclamou.

Lançamentos

O domingo (2) contou com o lançamento de duas novas histórias. A primeira delas foi a da autora Silene Santos, também de Arapiraca, autora do livro As Contribuições do Espaço Trate na Área de Humanização, Reintegração e Reabilitação de Crianças e Adolescentes com TEA (Transtorno dos Espectro Autista), inspirada na vivência que ela teve como mãe atípica e profissional da área da educação.

Este é o terceiro livro que a autora lança com a marca da Editora e conta que este apoio, dificilmente estaria vivendo esse momento tão especial na vida de qualquer autor. “Ter a Editora Performance como parceira foi o que tornou tudo mais fácil, mais colorido e divertido; e eu agradeço por essa trajetória, porque a Performance realmente facilita. Então, estar na Bienal lançando livros é algo que me honra e me dignifica profundamente”, comemorou Silene. 

Já a autora do livro infantil O Sítio das Árvores Mágicas, Graça Carvalho, também lançado no domingo (2), marca sua estreia na literatura. Contando a história de uma família alagoana, inspirada por sua infância no interior de Pernambuco e por um momento pessoal de luto, após a perda da mãe, a autora encontrou na escrita uma forma de reviver sua própria infância. 

“Escrever para crianças me devolveu a leveza e a criatividade que estavam adormecidas. Foi uma maneira de reencontrar a menina que fui e de transformar a dor em algo bonito”, contou Graça, emocionada, emendando que a parceria com a Editora Performance, foi essencial para a ideia sair da gaveta. “É uma forma de empreendedorismo literário, algo que a Carla, da editora, tem incentivado muito. Ela mostra que não é preciso ter uma grande editora por trás para realizar o sonho de publicar o “filho”, que é o livro”, concluiu.

Reconhecimento

Em celebração a toda sua trajetória como escritora, seu trabalho à frente da editora e por ser a primeira mulher a presidir a Academia Arapiraquense de Letras e Artes, Carla Emanuelle foi uma das escolhidas para receber o Prêmio Graciliano Ramos de Literatura - uma iniciativa do curador da Bienal, Eraldo Ferraz, que acontece na programação do evento.

Para ela, receber essa honraria nesta edição que tem como temática celebrar a trajetória do povo negro no Brasil é mais uma das provas que todo seu trabalho têm valido a pena. “Eu sou uma mulher, negra, e da educação, representando resistência e causa social. Vejo isso como um símbolo de luta e representatividade, mostrando que escritores de origens diversas também podem alcançar reconhecimento ", comemorou.

Sobre a Bienal

A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas é realizada pela Universidade Federal de Alagoas e pelo governo de Alagoas, com correalização da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e patrocínio do Senac e do Sebrae Alagoas.

Sob a curadoria do professor Eraldo Ferraz, diretor da Edufal, o maior evento cultural e literário do estado também tem como parceiros a plataforma de eventos Doity, a rede de Hotéis Ponta Verde, o Sesc, a Prefeitura de Maceió por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed) e o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), além das secretarias de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult), de Turismo (Setur) e de Comunicação (Secom) de Alagoas.

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