Livros lançados visam ressignificar acontecimentos de Alagoas
Publicações lançadas têm em suas obras desde o golpe de 64 até a história econômica do estado
Paulo Canuto - jornalista / Jônatas Medeiros - fotógrafo
Seguindo o compromisso com a produção literária de Alagoas, a Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal) promoveu mais uma tarde de lançamentos nesta sexta-feira (7). Desta vez, cinco novas obras foram oficialmente lançadas com temáticas que visam contar e ressignificar a história de diversos acontecimentos de Alagoas.
A estética de um xangô quebrado: Arte, Assombro e Religiosidade, fruto da tese de pós-doutorado de Anderson Almeida, o livro traz um recorte sobre a ratificação da importância da Coleção Perseverança dentro de um contexto de patrimônio histórico. Essa coleção é composta por itens roubados do crime que ficou conhecido como “Quebra de Xangô” em 1912.
“Ano passado a coleção foi tombada, eu tive o prazer de participar do parecer junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e analisá-la novamente e agora com o outro olhar, o olhar mais artístico, pensando o artista que tem por trás, pensando a técnica, pensando inclusive o lugar dela, é importante para a gente entender a história do povo negro em Alagoas”, contou o autor.
Ele contou ainda que esse trabalho tem uma aproximação muito grande com sua questão religiosa, pois a Coleção Perseverança lhe foi apresentada na época do seu mestrado em História e quando se debruçou no tema descobriu inclusive a sua ancestralidade.
“Comecei a frequentar os terreiros, comecei a pensar, por exemplo, como tudo aquilo era produzido, além do religioso, então eu fui me interessando, eu fui buscando, descobri que eu era filho de Xangó. Nesse processo da pesquisa, então a gente vai entrando a afetividade, a espiritualidade, a ancestralidade”, revelou.
História das religiões em Alagoas
Outra publicação que busca ressignificar histórias que foram erroneamente contadas é a segunda edição de A caverna do diabo e outras histórias: ensaios de História Social das Religiões (Alagoas, séculos XIX e XX), escrito por Irinéia Franco. Trata-se de uma coletânea com artigos que a professora lançou entres os anos de 2016 a 2018, sobre as religiões de Matriz Africana e também sobre catolicismo popular no século 19 e até o início do século 20.
Nesse trabalho a professora busca com essa reunião de artigos, pensar sobre o processo de formação das religiões em Alagoas, a partir de documentos impressos da época. “Caverna do Diabo, por exemplo, era o título de um folhetim que saiu no jornal Forbes no século 19. Era como se fosse um romance e nesse romance eles descrevem como seria um culto afro-brasileiro numa senzala na cidade de Murici, então é uma história, é romanceado, mas a partir dele eu consigo pegar várias pistas sobre como que a religião poderia funcionar realmente naquele período”, contou Irinéia.
Para esta segunda edição, ela trouxe dois capítulos novos e também um apêndice muito rico com transcrições das fontes históricas do trabalho. Com essa obra, a professora espera diminuir um problema muito grande em nossa sociedade que é a intolerância religiosa e o preconceito, problemas esse que ceifa a vida de pessoas todos os dias.
“Quanto mais a gente conhecer o processo histórico dessas religiões, mais as próprias comunidades de terreiro vão se apropriando das suas histórias e o público também vai conhecendo os sujeitos, conhecendo como que se deu esse processo e com isso a gente vai ter cada vez mais argumentos para fazer a defesa de políticas públicas e de direitos, então, não tem como a gente dissociar esse processo histórico mais antigo daquilo que a gente vive no presente. Então, esses trabalhos, eles são importantes para isso”, disse ela.
Outros lançamentos
Para contar as história de momentos históricos de Alagoas e do Brasil, outros três títulos também foram lançados nesta tarde. Desde o recorte de Alagoas na época do golpe de 64, até sobre a história econômica do estado. Foram os títulos: a segunda edição de O Belo Monte de Antônio Conselheiro: uma invenção “biblada” de Pedro Vasconcellos; Pacto de silêncio: o golpe de 1964, a ditadura e a transição em Alagoas (v.1 e 2), organizado por Anderson Almeida e Marcelo Tavares; e a segunda edição de História Econômica de Alagoas: a indústria cloroquímica alagoana e a modernização da dependência 2ª ed., escrito por Fabiano Duarte.
Sobre a Bienal
A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas é realizada pela Universidade Federal de Alagoas e pelo governo de Alagoas, com correalização da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e patrocínio do Senac e do Sebrae Alagoas.
Sob a curadoria do professor Eraldo Ferraz, diretor da Edufal, o maior evento cultural e literário do estado também tem como parceiros a plataforma de eventos Doity, a rede de Hotéis Ponta Verde, o Sesc, a Prefeitura de Maceió por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), além das secretarias de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult), de Turismo (Setur) e de Comunicação (Secom) de Alagoas.
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