Evento discute expressões culturais e ancestralidade na literatura

Evento discute expressões culturais e ancestralidade na literatura

Roda de conversa reuniu autores e público para refletir sobre espiritualidade, liberdade religiosa e representatividade

Jamerson Soares - jornalista

A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas realizou, na manhã deste domingo (9), uma roda de conversa que trouxe à tona um tema de grande relevância cultural e social: Expressões culturais e religiosidade afro-brasileira. Na ocasião, Denilson Vieira, Vera Marques e Gerailson Oliveira compartilharam com o público suas experiências literárias e reflexões sobre a importância das manifestações culturais e das religiões de matriz africana na sociedade brasileira. Eles também falaram sobre como a literatura pode ser uma ferramenta poderosa para combater o preconceito e valorizar a diversidade cultural e espiritual do país.

O escritor e empresário Gerailson Oliveira destacou a dimensão espiritual e democrática presente em suas criações: “Sou empresário e me aventurei no primeiro livro após um processo de reconstrução. Lancei ‘Eu vou morrer sim, mas ninguém vai morrer por mim’. Agora, na Bienal, tive a honra de lançar meu segundo livro, ‘O que cabe numa nulher’, onde falo sobre minha visão das mulheres”, contou o autor.

E ele disse mais: “A religiosidade está em tudo e a gente não tem distinção. É tudo democrático. A religião afro foi o começo de tudo aqui no Brasil, então a gente traz isso de uma forma bem expansiva, sem ensinar religião, mas mostrando a espiritualidade de uma forma sadia e decente”, completou.

A palestra também atraiu visitantes de outros estados, como o sergipano Rafael Teodoro, que participou pela primeira vez da Bienal. Ele destacou a importância do evento como um espaço de aprendizado e respeito entre diferentes crenças.

“Foi uma mesa muito inspiradora. Eu não conhecia bem as religiões de matriz africana, e essa Bienal está abrindo meus olhos. Foi tudo muito bonito — as cores, as práticas — e muito esclarecedor. O que mais me chamou a atenção foi o respeito com que os autores trataram a diversidade religiosa. Foi um debate para qualquer pessoa participar, independentemente de ser católica, evangélica ou de outra crença. Somos todos irmãos”, completou.

Literatura: caminho potente

Com uma trajetória de mais de três décadas na educação, a escritora Vera Marques, natural do Ceará, enfatizou a relevância de eventos que promovem discussões sobre o respeito à diversidade religiosa. No entanto, lamentou a baixa presença de público em atividades de tamanha importância: “Depois de 35 anos como professora, resolvi seguir o caminho da literatura. Essa é a minha terceira Bienal, e a gente precisa lutar pela leitura, estar em todos os espaços”, disse.

Vera também reforçou a necessidade de ampliar o debate sobre intolerância e ódio religioso, especialmente contra as religiões de matriz africana: “É preciso discutir isso não só nas Bienais, mas em fóruns, simpósios e debates. A gente precisa desmistificar o preconceito. Democracia é poder estar em qualquer lugar, participar de qualquer culto ou missa. Essa liberdade precisa ser vivida e respeitada”, concluiu.

Entre reflexões literárias e relatos pessoais, o encontro mostrou que a literatura continua sendo um caminho potente para aproximar diferentes visões de mundo — e, acima de tudo, para reafirmar a importância do respeito e da liberdade de crença.

Sobre a Bienal

A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas é realizada pela Universidade Federal de Alagoas e pelo governo de Alagoas, com correalização da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e patrocínio do Senac e do Sebrae Alagoas.

Sob a curadoria do professor Eraldo Ferraz, diretor da Edufal, o maior evento cultural e literário do estado também tem como parceiros a plataforma de eventos Doity, a rede de Hotéis Ponta Verde, o Sesc, a Prefeitura de Maceió por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), além das secretarias de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult), de Turismo (Setur) e de Comunicação (Secom) de Alagoas.

Acompanhe as novidades da Bienal 2025 por meio do site oficial e também pelas redes sociais com o perfil @‌bienaldealagoas no InstagramThreads Facebook. E para ver mais fotos sobre a cobertura da Bienal, acesse nosso Flickr e confira todos os detalhes do evento.

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