Imortal da ABL, Miriam Leitão foi destaque no penúltimo dia
Aos 72 anos, jornalista falou sobre o processo que a tornou escritora e trocou ideia com público sobre literatura, economia e política
Roberto Amorim - jornalista / Jônatas Medeiros - fotógrafo
Aos 72 anos e com a disposição do início de carreira, a jornalista e escritora Miriam Leitão foi uma das principais atrações do sábado (8), na 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Tranquila e bem-humorada, ela falou sobre o processo criativo de seus 16 livros para um auditório lotado com mais de 300 pessoas, respondeu a perguntas e autografou dezenas de obras.
Para além de comentarista objetiva e concisa nos telejornais da TV Globo, a também imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) revelou, em Maceió, que o grande sonho sempre foi ser escritora, depois surgiu o jornalismo: “Eu costumo dizer que tenho dois amores: a notícia e a literatura. Esses amores têm como fonte a força e infinitude da palavra e ambos estão interligados por ela”, falou a veterana.
Não à toa, Miriam, além de tornar-se uma das mais célebres jornalistas da cobertura da intrincada relação entre política e economia, nos últimos 15 anos escreveu 16 livros, entre literatura infantil, ficção, crônicas e não ficção. Dentre suas obras estão os premiados Saga brasileira: a longa luta de um povo por sua moeda, que ganhou dois Prêmios Jabuti em 2012 (Livro-Reportagem e Livro do Ano de Não Ficção), e Amazônia na encruzilhada, que rendeu o Troféu Juca Pato em 2024.
Além dessas, a obra infantil A perigosa vida dos passarinhos pequenos (2013) foi selada como "Altamente Recomendável" pela Fundação Nacional do Livro Infantil.
O ser escritora
“A literatura é o meu sonho mais antigo. Sou uma escritora tardia porque tive que vencer o medo do próprio sonho. Achava que seria arrogância demais da minha parte sair dizendo que queria ser escritora”, disse Miram, que atribui a vitória sobre o medo a também jornalista e amiga Débora Thomé, que estava na palestra e a acompanha pelo Brasil para falar sobre literatura. “Muito da culpa de eu estar aqui como escritora é dela”, brincou.
Ao falar da obra de ficção Tempos Extremos, seu romance de estreia lançado em 2012, com edição comemorativa ano passado, a escritora se emocionou diversas vezes ao relembrar a tortura que sofreu durante o regime militar brasileiro, que durou 21 anos (1964 – 1985).
“Eu não pesquisei sobre a perseguição, prisão, tortura e morte durante a Ditadura Militar, eu sofri e testemunhei a força dessa mão autoritária de um Estado autoritário. Escrever também é uma forma de libertação do passado”, afirmou. E ela disse mais: “Foi um momento da história do Brasil que precisa ser mostrado e discutido nas escolas para as novas gerações. Não podemos deixar cair no esquecimento”, concluiu.
Sobre a Bienal
A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas é realizada pela Universidade Federal de Alagoas e pelo governo de Alagoas, com correalização da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e patrocínio do Senac e do Sebrae Alagoas.
Sob a curadoria do professor Eraldo Ferraz, diretor da Edufal, o maior evento cultural e literário do estado também tem como parceiros a plataforma de eventos Doity, a rede de Hotéis Ponta Verde, o Sesc, a Prefeitura de Maceió por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), além das secretarias de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult), de Turismo (Setur) e de Comunicação (Secom) de Alagoas.
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