Palestra com Ruy Braga debate relação entre capitalismo e racismo
Ruy Braga durante palestra na 11ª Bienal de Alagoas - Foto: Adriano Arantos

Palestra com Ruy Braga debate relação entre capitalismo e racismo

Autor de 'Capitalismo Racial: uma introdução', sociólogo comandou a atividade e debateu a temática com estudantes

Janaína Farias - jornalista / Adriano Arantos - fotógrafo

O sociólogo, professor e escritor Ruy Braga, autor do livro Capitalismo Racial: uma introdução, da editora Boitempo, participou de uma palestra mediada por Anderson Vieira Moura, professor de História da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), durante a 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas.

Finalista do Prêmio Jabuti, Braga apresentou reflexões sobre como o racismo estrutura as relações de dominação do capitalismo, articulando exploração econômica e opressão racial.

Em sua fala, o autor comentou que recebeu como uma surpresa positiva ao encontrar a temática racial tão presente na Bienal.

“Fiquei surpreso de ver aqui na Bienal a agenda da questão racial tão saliente, tão presente em todos os estandes e na decoração. Escrever o livro tem a ver com o fato de que, no Brasil, de uma maneira geral, nós não gostamos de discutir a questão racial. O país se vê como um país não racista, como uma democracia racial, e não percebe o quanto a opressão racial está enraizada na nossa estrutura social”, afirmou Braga.

Ele explicou que o livro lançado na Bienal procura tematizar a discussão acerca da opressão constitutiva das relações sociais capitalistas. Para Braga a obra deixa uma importante mensagem.

“Você não consegue enfrentar o racismo sem enfrentar ao mesmo tempo o capitalismo, porque eles estão intrinsecamente ligados. Para fazer uma luta antirracista consequente, é preciso ser também anticapitalista”, frisou.

Mediador da palestra, o professor de história da Ufal, Anderson Moura, ressaltou a relevância do debate proposto por Ruy Braga.

“O livro aborda a questão do racismo dentro da lógica do capitalismo, que não foge à temática da Bienal, como também traz um elemento pouco discutido”, disse.

Para Anderson, a principal mensagem que o livro deixa é que não existe possibilidade de superar o racismo dentro do capitalismo.

“Acho que essa é a mensagem principal dele, que a gente tem que lutar por uma sociedade mais justa. Então uma sociedade melhor, uma sociedade mais justa, sem racismo, também passa para uma sociedade que não siga essa lógica do capitalismo, essa lógica que é tudo que é mercantilizado, que tudo é disputado, tudo vira dinheiro, tudo vira mercadoria. Então uma sociedade melhor trará consequentemente uma sociedade sem racismo.” comentou.

Impacto sobre os estudantes

O estudante Micael Henrique, do curso de História da Ufal, destacou a importância de participar de palestras com essas temáticas como forma de ampliar a compreensão sobre as desigualdades sociais e raciais presentes no Brasil.

“Eu já tive aula com o professor Anderson, que está aqui hoje, e quando escutei o nome dele resolvi vir assistir. Confesso que não estava muito ligado na temática, mas por conhecer o trabalho dele quis acompanhar”, contou.

Para o estudante, que já foi aluno do professor Anderson, discussões como essa ajudam a entender que o racismo e as desigualdades atuais têm raízes históricas profundas.

“Você pode mudar essa perspectiva e entender que isso é um processo que vem acontecendo há muito tempo acerca da desigualdade que tem aqui no Brasil. O Brasil nunca se livrou da mancha da escravidão. As desigualdades de hoje são consequências disso”, afirmou, lembrando que no passado houve a abolição da escravidão, mas não houve divisão de  terras para quem era escravizado. Micael ressalta que com isso a população continuou na pobreza, na miséria e por isso é muito importante discutir essa problemática social.

“A palestra vai discutir hoje o que é um reflexo do passado. É importante os jovens estarem aqui pra ouvir e já começar a se conscientizar sobre essa problemática que a gente vive”, frisou.

O estudante destacou ainda que quem está na escola, muitas vezes, não tem noção e só procura brincar. “Na escola talvez você não preste atenção, mas posteriormente com eventos como esse e outras palestras também, você acaba se atentando para isso”, afirmou Micael.

Onde comprar o livro

Publicado pela Editora Boitempo, Capitalismo racial: uma introdução, está disponível nas principais plataformas de venda online e também na Bienal.

Sobre a Bienal

A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas é realizada pela Universidade Federal de Alagoas e pelo governo de Alagoas, com correalização da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e patrocínio do Senac e do Sebrae Alagoas.

Sob a curadoria do professor Eraldo Ferraz, diretor da Edufal, o maior evento cultural e literário do estado também tem como parceiros a plataforma de eventos Doity, a rede de Hotéis Ponta Verde, o Sesc, a Prefeitura de Maceió por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), além das secretarias de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult), de Turismo (Setur) e de Comunicação (Secom) de Alagoas.

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