Professor Zezito Araújo recebe título de Doutor Honoris Causa na Bienal
Solenidade será no sábado, 1º de novembro, no Centro de Convenções, a partir das 15h
Diana Monteiro - jornalista
Não haveria melhor momento para a grande e merecida homenagem da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) ao professor Zezito Araújo do que entregar o título de Doutor Honoris Causa ao ativista alagoano na luta antirracista, na abrangente causa negra brasileira, durante a realização da 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, que tem como tema desta edição ‘Brasil e África ligados culturalmente em seus Ritos e Raízes’. A solenidade, aberta à sociedade, será no sábado, 1º de novembro, a partir das 15h, no auditório 1 e 2 do Centro de Convenções, no bairro de Jaraguá.
O título honorífico ao referenciado professor Zezito Araújo foi concedido pelo Conselho Universitário (Consuni) da Ufal no dia 25 de setembro de 2024 e teve como proponente o Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (Ichca), unidade acadêmica da qual ele fez parte como docente do curso de História, por 29 anos, quando se aposentou em 2022. Também esteve por 18 anos, de 1983 a 2001, à frente do então Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab) da Ufal, que passou a se chamar Neabi, por incluir também a causa indígena. O Núcleo é o mais antigo do Brasil e se tornou referência nacional pela dedicação, empenho e fruto de um dedicado e competente trabalho desempenhado por Zezito.
Reconhecimento
O título de Doutor Honoris Causa destina-se a personalidades eminentes que tenham contribuído significativamente para o progresso da universidade, da região ou do país, ou que tenham se distinguido por sua atuação em favor da ciência, das letras, das artes, do meio ambiente ou da cultura em geral. Ao aprovar o título honorífico para o professor, o Consuni destaca “a sua relevante e inestimável obra dedicada à educação, à universidade e à sociedade alagoana”.
"Receber este título representa o reconhecimento da instituição pelo trabalho que realizei, principalmente na implantação do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, que foi uma temática nova e onde a minha trajetória de vida foi toda voltada para isso, na execução de um trabalho iniciado em União dos Palmares para o tombamento da Serra da Barriga”, relatou o docente. E complementou: “Outra coisa que eu acho fundamental é que foi por meio da Ufal que nós conseguimos mobilizar a questão negra aqui no estado de Alagoas, a partir da década de 80, trazendo essa discussão tanto para sociedade, mas, principalmente, para a universidade. Com esse título, a Ufal reconhece também um trabalho que mobilizou todo o movimento negro e a sociedade alagoana", disse ele.
Trajetória
Zezito Araújo fez de sua atuação acadêmica na Universidade Federal de Alagoas o seu espaço de luta, ampliando parcerias locais e nacionais para a causa comum do fortalecimento da resistência antirracista, com avanços em prol do movimento negro brasileiro. Galgou degraus, como era de se esperar, o que contribuiu para o pioneirismo da Ufal. Mestre em História, na conexão entre ativismo e docência, lecionou disciplinas que dialogam direta e intensamente com a temática afro-brasileira, a exemplo de Antropologia e História da África e Escravismo. Também tem vasta produção intelectual, publicou artigos e capítulos sobre ações afirmativas, cultura negra, folclore, educação e quilombos, como em ‘O Negro e a construção do Carnaval no Nordeste’ (2003) e ‘Quilombo dos Palmares: negociações e conflito’ (2020).
No percurso profissional e de vida, Zezito segue a contínua luta de contribuição, de colaboração e de ativismo. A partir da aposentadoria, passou a se dedicar à educação básica com atuação na Secretaria de Estado da Educação de Alagoas (Seduc), em formação de profissionais sobre relações étnico-raciais e educação quilombola, conforme a Lei 10.639/2003.
Nas honrarias e prêmios recebidos, a tradução do reconhecimento, com significados de vida: Comenda Ordem do Mérito dos Palmares (2005), Mérito Educativo Alagoano (2009) e Comenda Zumbi dos Palmares (2012).
Sobre a Bienal
A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas acontece de 31 de outubro a 9 de novembro, é realizada pela Universidade Federal de Alagoas e pelo governo de Alagoas, com correalização da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e patrocínio do Senac e do Sebrae Alagoas.
Sob a curadoria do professor Eraldo Ferraz, diretor da Edufal, o maior evento cultural e literário do estado também tem como parceiros a plataforma de eventos Doity, a rede de Hotéis Ponta Verde, o Sesc, a Prefeitura de Maceió e o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), além das secretarias de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult), de Turismo (Setur) e de Comunicação (Secom) de Alagoas.
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