Sarau valoriza a literatura surda e promove inclusão no evento
Evento reuniu dez artistas surdos, sendo nove de Alagoas e um de Pernambuco
Janaina Farias - jornalista / Renner Boldrino - fotógrafo
O auditório da Bienal do Livro recebeu o Sarau Nossa Libras, evento inteiramente apresentado em Língua Brasileira de Sinais (Libras), com protagonismo de artistas surdos e foco na valorização da literatura surda. Idealizado pelo professor do curso de Letras Libras da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Tiago Santos, o momento contou com dez artistas surdos, sendo nove de Alagoas e um convidado especial, o professor Cristiano Monteiro, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
“A proposta é que os participantes apresentem diferentes gêneros da literatura surda, contos, poemas e o visual vernacular, que é um gênero específico das línguas de sinais. Tem muita coisa boa”, destacou o professor Tiago.
Entre as apresentações, houve desde poemas bucólicos, que exaltam elementos da natureza e até pessoas que trarão também denúncias como uma crítica sobre a falta de acessibilidade enfrentada por pessoas surdas na sociedade e dentro das próprias famílias.
Segundo Tiago, o objetivo foi o de movimentar e fomentar a literatura surda no estado. “A gente tem diversos eventos e projetos acontecendo em nível nacional de literatura surda, mas ainda estamos caminhando bem devagar, então eu estou com essa disciplina agora de literatura surda e a gente sente, enquanto universidade, a necessidade de dialogar com a sociedade no sentido de se criar espaços para que os surdos possam usar literatura”, afirmou, dizendo que a maior parte do público ouvinte foi formada por estudantes de Libras, familiares e professores da comunidade surda.
Intermediado pela intérprete de libras, Livia Pedrosa, o professor Cristiano Monteiro, da UFPE, falou da importância em participar de um importante evento pra cultura surda: “É um prazer. Estou muito feliz. Um sarau como esse é de um valor inestimável pra gente ter essa visão, essa participação das pessoas surdas. Eu amo estar aqui no sarau e ver a questão da poesia, a questão visual, as histórias”, disse ele.
O professor explicou ainda que em um sarau existem ouvintes que cantam, que fazem música e em um sarau de surdo as pessoas imaginam como poderia ser. “Então, como seria um sarau surdo? É com as mãos. É com língua de sinais. É da linguística, da questão literatura, do poema, da poesia, é a gente trazer isso para fora, expressar de fato essa questão e essa emoção visual é de uma sensação sem igual”, explicou.
Ele destacou ainda que é preciso ter um movimento maior, que gere maior visibilidade. “É importante um movimento ainda maior, de grande visibilidade, que continue para que a gente evite as pausas, que a gente não perca esse movimento, essa vida, essa cultura”, frisou Cristiano Monteiro.
A intérprete de Libras, Heloise Melo, intermediou a comunicação com a integrante do sarau, Ana Claúdia, que destacou que vai apresentar no sarau o visual vernacular, que é próprio da língua visual: “Todos podem participar crianças, adultos. Não é poesia, não é poema. Parece uma história, uma narrativa que é visual. Não tem um tema específico. A compreensão é que é o foco”, destacou.
Para Ana Cláudia, o objetivo é incentivar aqui em Alagoas a cultura surda e a arte surda, que ainda não é muito intensificada. “A gente precisa de leis e coisas que façam esse incentivo”, finalizou.
Sobre a Bienal
A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas é realizada pela Universidade Federal de Alagoas e pelo governo de Alagoas, com correalização da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e patrocínio do Senac e do Sebrae Alagoas.
Sob a curadoria do professor Eraldo Ferraz, diretor da Edufal, o maior evento cultural e literário do estado também tem como parceiros a plataforma de eventos Doity, a rede de Hotéis Ponta Verde, o Sesc, a Prefeitura de Maceió por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), além das secretarias de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult), de Turismo (Setur) e de Comunicação (Secom) de Alagoas.
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